Correção: participou do evento um diretor da Siemens Energy, e não da Siemens, como publicado entre o dia 18 de outubro e 25 de outubro. O texto já foi corrigido.
A senadora Simone Tebet (MDB-MS), o economista Armínio Fraga e a deputada federal eleita Marina Silva (Rede-SP) se reuniram na segunda-feira (17), em São Paulo, com cerca de 650 empresários, banqueiros, CEOs e economistas para tentar convencê-los a votar na chapa de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Geraldo Alckmin (PSB) no segundo turno da eleição presidencial.
O principal argumento apresentado pelos três foi o risco que consideram representar a reeleição de Jair Bolsonaro (PL) para a democracia no Brasil.
Os organizadores fizeram questão de dizer que o encontro não era uma manifestação de apoio a Lula e Alckmin — a presença não significava necessariamente concordância com a candidatura, mas uma tentativa de conseguir novos apoios à chapa para derrotar Bolsonaro.
Tebet sugeriu que Bolsonaro reeleito poderia tentar um terceiro mandato para se manter no poder.
— A democracia já está fragilizada desde o primeiro dia do governo Bolsonaro. Eu estava lá em Brasília. O governo coloca uma instituição contra outra. E hoje já domina o Legislativo com o orçamento secreto. Poderá aumentar o número de ministros do Supremo Tribunal Federal e concentrar mais poder, acovardar os ministros do STF e, talvez, até implantar um terceiro mandato — afirmou.
O encontro foi organizado na casa da ambientalista Teresa Bracher e de seu marido, o banqueiro Cândido Bracher, mesmo lugar onde Simone começou sua campanha no primeiro turno — ela ficou em terceiro lugar, com 4,9 milhões de votos (4,2% do total). O evento também teve como organizadores Marisa Moreira Salles, Neca Setubal, a advogada Maria Stella Gregori, o editor Tomas Alvim e Ana Paula Guerra.
Armínio Fraga, que foi presidente do Banco Central no governo de Fernando Henrique Cardoso, afirmou que chegou a pensar em anular o voto, mas depois, mudou de ideia.
— Eu nunca votei no Lula. A realidade do bolsonarismo acabou se impondo. A mudança do meu voto espelha o medo da deterioração da democracia. Se havia alguma dúvida, isso desapareceu. Vou votar no Lula sem qualquer condição.
Ex-ministra do Meio Ambiente de Lula, Marina afirmou ter três razões para votar no petista: compromisso com a democracia, o "imperativo ético" de combate às desigualdades e a possibilidade de estabelecer um processo de mudança para um modelo de desenvolvimento sustentável com a transição para uma economia de baixo carbono.
Receio
Os três falaram durante cerca de 10 minutos. Entre os participantes há o receio de que, com um Congresso eleito mais à direita, Bolsonaro possa, finalmente, avançar contra o STF. Ao mesmo tempo, participantes do evento acreditam que o Legislativo funcionaria como contrapeso a um eventual governo Lula.
Estavam diretores e CEOs da Bloomberg, BMG, Safra, Siemens Energy, Suzano, Grupo Europa, Standard Bank Group, Grupo Ultra, Thyssenkrupp South America, Santander e outras empresas, além de economistas e empresários. As imagens devem ser distribuídas nas redes sociais da senadora e da campanha petista, explicando por que cada um estava tomando a posição.