Derrotado no segundo turno da eleição para o governo do Rio Grande do Sul, o deputado federal Onyx Lorenzoni (PL) está avaliando os próximos passos de seu futuro político. Em fevereiro de 2023, quando deixar o mandato na Câmara dos Deputados, Onyx ficará fora de um cargo eletivo pela primeira vez em 28 anos.
Desde a eleição de 1994, ele emendou dois mandatos de deputado estadual e cinco de deputado federal, quase sempre ampliando a votação a cada pleito. Questionado nesta segunda-feira (31) sobre os planos para o futuro, o ex-ministro disse que é cedo para tratar do assunto.
— A eleição acabou ontem, é prematuro falar qualquer coisa agora. O que posso garantir é que vou seguir trabalhando a favor do Brasil e do meu Estado, pois essa é a minha missão e o que faço, antes de tudo, com prazer — declarou Onyx.
Ainda no domingo (30), após confirmado o revés, o deputado deu a entender que poderá disputar novamente o Palácio Piratini, em 2026.
Em dois momentos distintos, no pronunciamento após o resultado e em conversa informal com jornalistas no hall do hotel em que acompanhou a apuração, ele citou casos de ex-governadores que perderam eleições para o Piratini antes de vencer, como Pedro Simon (MDB), Alceu Collares (PDT) e Olívio Dutra (PT).
— Sonhávamos em fazer uma grande transformação no Rio Grande. Quis Deus e a sociedade gaúcha que não fosse este o momento. Haverá outros no futuro, como houve para (Pedro) Simon, como houve para (Alceu) Collares, como houve inclusive para nossos adversários da esquerda — salientou o deputado, em trecho do discurso.
Embora tenha sido candidato ao cargo pela primeira vez neste ano, Onyx nunca escondeu o desejo de chegar ao Piratini, nutrido há mais de duas décadas. Em 2018, abriu mão de concorrer para coordenar a campanha presidencial de Jair Bolsonaro.
O deputado federal também já disputou cinco vezes a prefeitura de Porto Alegre (três como candidato a prefeito e duas como vice), mas está virtualmente fora do pleito de 2024. O prefeito Sebastião Melo (MDB) governa com o apoio de Onyx e seus correligionários, e chegou a abrir dissidência no MDB no segundo turno para apoiar o candidato do PL. Em 2024, tudo se encaminha que a chapa Melo-Ricardo Gomes (PL) dispute a reeleição.
No grupo político de Onyx, o resultado da eleição é visto, sobretudo, como fruto da união informal entre Eduardo Leite e o PT, que garantiu ao tucano relevante parcela de votos do eleitorado de esquerda.
Filho do candidato do PL, o deputado estadual Rodrigo Lorenzoni pondera que os 2,7 milhões de votos recebidos por Onyx são de pessoas identificadas com as bandeiras representadas por ele na campanha:
— Esses não são votos contra qualquer coisa, ou de uma aliança de ocasião para vencer uma eleição. São votos direcionados às nossas ideias — afirma.
Rodrigo evita projetar o futuro do pai, mas ressalta que ele continuará na política após o fim do mandato de deputado:
— O perfil político, a história dele e a obstinação de tentar transformar o Rio Grande do Sul e o Brasil a partir das ideias que a gente defende com certeza farão com que ele permaneça ativo politicamente.
Além das atividades na política, Onyx é proprietário de um hospital veterinário em Porto Alegre.
Histórico nas urnas
Candidato a governador pelo PL nestas eleições, Onyx Lorenzoni disputa votos desde 1988. Confira o retrospecto:
- 1988 - candidato a vice-prefeito de Porto Alegre pelo PL na chapa de Sergio Jockymann (PL), que termina em quinto lugar;
- 1990 - concorre à Assembleia Legislativa, mas fica na suplência;
- 1992 - candidato a prefeito de Porto Alegre, fica na sétima posição;
- 1994 - eleito pela primeira vez deputado estadual;
- 1996 - candidato a vice-prefeito de Porto Alegre na chapa de Yeda Crusius (PSDB), que termina em segundo lugar;
- 1998 - já no PFL, é reeleito deputado estadual;
- 2002 - é eleito deputado federal pela primeira vez;
- 2004 - concorre novamente a prefeito de Porto Alegre e termina em terceiro lugar;
- 2006 - conquista o segundo mandato como deputado federal;
- 2008 - disputa a prefeitura da Capital pela terceira vez e chega na quinta colocação;
- 2010 - consegue se reeleger para o terceiro período na Câmara dos Deputados;
- 2014 - conquista o quarto mandato consecutivo como deputado federal;
- 2018 - reeleito pela quinta vez para a Câmara, coordena a campanha presidencial vitoriosa de Jair Bolsonaro;
- 2022 - de volta ao PL, concorre a governador do RS. Vence o primeiro turno, com 37,5% dos votos válidos, mas perde de virada para Eduardo Leite no segundo turno, por 57,12% a 42,88%.