O presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a atacar o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Judiciário nesta quarta-feira (19). O chefe do Executivo, que concorre à reeleição, disse que cumpre mais a Constituição do que muitos ministros da Corte e afirmou que, quando um magistrado toma decisões que "extrapolam", todo o STF "paga a conta".
Bolsonaro declarou, ainda, que o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, julga processos de acordo com sua "conveniência".
— Há uma potencialização da censura, no meu entender, por causa das eleições. O que transparece para a gente, eu não posso afirmar, é que por parte de alguns do Judiciário há um interesse por um candidato. Tanto é que censura, desmonetização e derrubada de página só existe do nosso lado. Do lado de lá, tem barbaridades acontecendo e ninguém toma providência no tocante a isso — afirmou Bolsonaro, em entrevista a um podcast do site O Antagonista, ao criticar decisões do Judiciário.
Na terça-feira (18) o corregedor-geral da Justiça Eleitoral, ministro Benedito Gonçalves, determinou a desmonetização de quatro canais no YouTube que apoiam Bolsonaro, como o da produtora Brasil Paralelo, pela disseminação de conteúdo falso contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Na entrevista, Bolsonaro também disse que a Jovem Pan "sofre perseguições".
Ao ser questionado sobre Moraes, o presidente disse que o magistrado é "muito independente".
— Ele julga as coisas de acordo com a sua conveniência. Até a questão de censura, que está muito ligada a ele por ser presidente do TSE, eu não sou de acordo a essas desmonetizações, derrubadas de páginas, entre outras medidas — afirmou Bolsonaro.
— Entendo que uma maioria, pensando de acordo com esse dispositivo constitucional, que possam eles mesmos chegar ali no Alexandre de Moraes e botar um certo limite. Qualquer ministro que tome decisões que extrapole, todo o Supremo paga a conta. É igual no meio militar. A questão de freios, primeiramente, é a própria instituição — emendou o chefe do Executivo.
Bolsonaro criticou o inquérito das fake news e disse que nenhuma lei pode colocar limites na liberdade de expressão.
— Nós não podemos ficar mais quatro anos convivendo da forma que eu passei parte do meu primeiro mandato. Não é chorar, não é querer benefícios, é querer, realmente, o cumprimento da Constituição — afirmou.
— Eu acho que, hoje em dia, com todo o respeito à maioria dos ministros do Supremo, eu cumpro mais a Constituição do que muitos deles — emendou o presidente.