A RBS TV realizou nesta quinta-feira (27) o último debate do segundo turno entre os candidatos ao governo do Rio Grande do Sul. O encontro entre os candidatos Eduardo Leite (PSDB) e Onyx Lorenzoni (PL) foi mediado pelo jornalista Elói Zorzetto.
As regras do programa foram aprovadas pelas assessorias dos dois concorrentes. Neste debate, os candidatos tiveram que administrar o próprio tempo entre perguntas, respostas, réplicas e tréplicas. O tempo poderia ser utilizado e dividido da maneira como cada candidato preferisse, exceto de um bloco para o outro.
O candidato que sofresse uma ofensa pessoal do adversário poderia pedir direito de resposta. A solicitação deveria ser feita em silêncio, levantando a mão para o mediador. A produção do debate analisaria o pedido. Caso o direito de resposta fosse concedido, o candidato teria um minuto para responder às ofensas.
A seguir, veja como foi o debate na RBS TV:
O resumo
O debate começou depois da novela Travessia, por volta das 22h. O encontro teve quatro blocos, sendo dois com temas livres e outros dois com temas determinados.
Os dois primeiros blocos tiveram algum confronto, mas não como em debates anteriores. No segundo bloco, o tema escolhido por Onyx foi cultura e por Leite, saúde. Os ânimos se exaltaram mais para o final no terceiro bloco de perguntas livres. No último bloco, os assuntos levantados foram segurança pública e emprego.
O debate em fotos
Análise dos colunistas
Quem teve melhor desempenho no debate
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Sobraram ataques e faltaram propostas no debate da RBS TV
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Bloco a bloco
Primeiro bloco
Trinta minutos de debate com tema livre. Cada candidato teve que administrar o tempo de 15 minutos para perguntas, respostas, réplicas e tréplicas.
- Eduardo Leite abriu o debate convidando os eleitores a pensarem sobre em quem as pessoas mais próximas votarão, e reforçou que não se trata de uma luta do bem contra o mal, e sim de uma eleição. Ele criticou o "clima de guerra" que tomou a política e defendeu a recuperação financeira do Estado por meio do regime de recuperação fiscal (RRF). Foi aí que perguntou ao seu adversário: como organiza seu plano de governo e suas prioridades. Onyx Lorenzoni pediu que os espectadores pegassem o celular para conferir o que é verdade e o que é mentira no que era falado. Atacou o RRF, dizendo que os gaúchos herdarão uma dívida bilionária. Sugeriu que a capacidade de investimento do Estado fosse melhorada, e não se aderisse ao RRF.
- Na sequência, Leite pediu que Onyx olhasse para ele, mas o adversário disse que olharia para os eleitores, na câmera da TV. O tucano lembrou que o candidato do PL não quis cumprimentá-lo no debate da Rádio Gaúcha. Leite criticou que Onyx não oferece propostas, o que o seu oponente negou. O tucano disse que em 20 anos Onyx aprovou dois projetos no Congresso e que não deu certo nos cinco ministérios em que passou no governo federal. E que, se tivesse cuidado com o RS, teria proposto um plano melhor, mas inclusive assinou o documento do RRF. Onyx afirmou que seu adversário "empilha uma mentira em cima da outra", e que se o RRF fosse importante entraria no primeiro ano de governo dele, e não no último. O ex-ministro criticou que Leite não comprou vacinas, e o ex-governador respondeu que só quem podia comprar vacinas era o governo federal. Leite acusou Onyx de defender nebulização com cloroquina e de não ter se vacinado contra covid-19.
- Onyx afirmou que seu médico aconselhou a não fazer a vacina porque "a melhor vacina é pegar a doença". Perguntou a Leite que ciência mandou fechar supermercado. Leite contestou dizendo que não mandou fechar supermercado. Disse que seu concorrente ataca Jair Bolsonaro, mas que foi o presidente que forneceu recursos ao Estado. Leite ressaltou que Bolsonaro assinou o contrato do RRF, que é criticado por Onyx. Salientou que seu adversário não apresenta alternativas e critica o plano assinado pelo presidente. Leite criticou a frase do candidato do PL sobre a melhor vacina ser pegar a doença, chamando essa ideia de desumanidade. "Que bom que o senhor resistiu, mas teve gente com sistema imunológico mais fraco que foi para a UTI, que morreu", afirmou.
- O candidato do PL disse que Leite recebeu mais de R$ 3 bilhões do governo federal para combater o coronavírus e não aplicou nada, e que foi o governo federal que viabilizou a vacina, assim como o auxílio emergencial. Leite disse que quem tem a verdade não precisa dizer que fala a verdade, e lembrou do caixa dois praticado pelo seu adversário, pedindo que explicasse. Onyx afirmou que cometeu um erro e pediu perdão a Deus e foi perdoado por seus eleitores, citando os votos que recebeu para deputado federal após o caso. O tucano perguntou em quantas eleições Onyx praticou caixa dois. O ex-ministro respondeu que tem uma tatuagem para lembrar desse erro e que olha nos olhos de seus filhos.
Segundo bloco
Vinte minutos de debate com temas determinados, sendo dividido em duas rodadas de 10 minutos. Cada candidato teve direito a escolher um tema que foi definido pelo Jornalismo da RBS TV. Neste bloco, os candidatos tiveram cinco minutos de fala para cada uma das rodadas.
- Onyx começou a primeira rodada perguntando qual a proposta do ex-governador sobre cultura. Leite citou a importância da economia que move o setor, gerando emprego e renda. Falou sobre a ampliação de investimentos no Pró-Cultura e em diversas cidades gaúchas, além de apoio ao folclore do Estado, e perguntou a proposta de seu adversário sobre o setor. Onyx celebrou o que considerou um ponto de convergência entre o que ambos os candidatos pensam, no caso, a questão cultural. Ele defendeu o estímulo a regiões que poderiam atrair turistas e desenvolver a área de hospedagem. Leite concordou com a iniciativa mas perguntou de que forma isso seria possível. Onyx disse que seria por meio de projetos: as pessoas apresentariam projetos para serem aprovados. Leite ressaltou que Onyx tem copiado coisas que seu governo já fazia, com programas como o Avançar no Turismo e instituições como o Museu Histórico das Missões, Museu Júlio de Castilhos, multipalco do Theatro São Pedro e outros. Onyx defendeu que o Banrisul poderia destinar parte de suas cotas de patrocínio para ajudar a cultura. Leite respondeu que o banco já faz isso. O ex-ministro apontou que o ex-governador teve três anos para apoiar os CTGs e não fez isso, e garantiu que terá R$ 25 milhões para o tradicionalismo.
- Na segunda rodada, Leite escolheu o tema saúde. Recordou que seu adversário fala em criar clínicas de especialidades, como visto em Goiás, e pediu detalhes sobre valores e como implantar. Onyx afirmou que o Estado sente falta de consultas especializadas e que em dois anos prevê construir 10 dessas clínicas, ao custo de R$ 20 milhões. Leite observou que essas iniciativas de fora precisam ser adaptadas à realidade gaúcha, apresentando números sobre Goiás e sugerindo fazer essa implantação das clínicas por meio da contratualização com hospitais, já que a construção de novos prédios seria um desperdício. Onyx disse que o governo estadual deve R$ 1 bilhão aos hospitais por meio do IPE. Leite respondeu que a dívida era muito maior e agora não é de R$ 1 bilhão.
Terceiro bloco
Mais 30 minutos de debate com tema livre. Assim como no primeiro bloco, os candidatos tiveram que administrar o tempo de 15 minutos para perguntas e respostas.
- Onyx começou o bloco perguntando quais serão as providências do ex-governador, se eleito, para melhorar os índices da educação e abrir o diálogo com os professores. Leite respondeu que primeiro arrumou a casa e que agora o foco será total na educação. Lembrou que na sexta o 13º será pago porque as finanças estão em ordem. Leite voltou a perguntar sobre o caixa dois, perguntando se foi em somente uma eleição. Onyx acusou o tucano de ter um processo por improbidade administrativa, e Leite apontou que o processo foi considerado improcedente. Depois, afirmou que há um dirigente da EGR preso pro corrupção e que Leite não privatizou a empresa de rodovias.
- O ex-governador voltou a perguntar duas vezes se seu adversário praticou caixa dois somente em uma eleição, e citou um vídeo em que Onyx defendia criminalizar o caixa dois. O ex-ministro disse que queria falar sobre educação, que as escolas estão em más condições e quis saber se abrirá diálogo com os professores. Leite perguntou mais uma vez quantas vezes Onyx praticou o caixa dois. O candidato do PL respondeu que o assunto está resolvido com a Justiça e que Leite desviou recursos da educação. Leite repudiou a afirmação e voltou a pedir que Onyx explique como foi o caixa dois.
- O ex-ministro disse que teve as contas aprovadas no governo federal e que o ex-governador teve problema com uma empresa de lixo quando era prefeito de Pelotas. Leite disse que quando teve uma mínima pista de que havia corrupção da EGR, demitiu toda a diretoria. Voltou a citar o caixa dois e que houve acordo para se livrar do processo criminal, perguntando quanto foi pago para se livrar do processo. Onyx respondeu que a planilha da Odebrecht que apontava caixa dois era falsificada, e pediu para Leite explicar o processo por improbidade. O ex-governador disse que não fugiu da Justiça, o processo tramitou e foi considerado improcedente em primeira e segunda instância. O ex-ministro apontou que foi aberto outro processo contra Leite.
- Onyx acusou Leite de fazer "pedalada fiscal" ao pagar aposentadorias com valores da educação. O ex-governador insistiu na questão do caixa dois. Onyx perguntou por que Leite desviou dinheiro das crianças. Leite respondeu que quem precisa se explicar é Onyx. O ex-ministro falou que há defasagem no aprendizado das crianças. Leite afirmou que Onyx aparece três vezes recebendo caixa dois, recebendo R$ 300 mil, e que pagou R$ 189 mil para se livrar do processo. Perguntou onde estão os R$ 111 mil que faltam. Na sequência, ambos ficaram de acusando sobre pedaladas e caixa dois, o tempo de Onyx acabou, e Leite encerrou o bloco falando sobre as medidas tomadas em seu governo no setor da educação, como pagamento do piso dos professores e entrega de notebooks aos docentes.
Quarto bloco
Mais duas rodadas de 10 minutos com temas definidos, sendo que os candidatos tiveram cinco minutos de tempo de fala em cada rodada. Neste bloco, os candidatos também tiveram direito a um minuto e 30 segundos cada para considerações finais.
- Leite começou perguntando sobre segurança pública, afirmando que o governo vai entregar um efetivo maior e que há um concurso para 4 mil policiais, além de renovação da frota com veículos semiblindados. E pediu se Onyx tem alguma proposta original ou se é tudo copiado do que seu governo fez. O ex-ministro perguntou como leite combaterá o feminicídio. O ex-governador afirmou que esse crime foi reduzido em oito Estados e que o RS foi o segundo colocado, que pela primeira vez uma mulher esteve no comando da polícia, e perguntou pelas propostas de seu adversário. Onyx disse que uma de suas preocupações são as facções, que são financiadas pelo tráfico de drogas, e apontou que Leite é a favor da legalização das drogas. Mas o ex-governador respondeu que é contra. Leite ressaltou que ampliou o combate ao tráfico. Onyx afirmou que as facções dominam o Presídio Central, e Leite respondeu que o presídio está sendo demolido. Onyx afirmou que Leite não resolveu a situação do Presídio Central, e o ex-governador respondeu que nenhum governo conseguiu e que o seu está conseguindo.
- Onyx escolheu o tema emprego. Afirmou que Leite destruiu empregos na pandemia com as restrições de circulação e perguntou o que fazer para recuperar esses empregos. Leite voltou ao tema da segurança e disse que a situação está melhor e que seu oponente não fez nenhuma proposta para essa área. Depois, falou sobre os empregos, dizendo que o saldo final é positivo, e não negativo, e que o candidato a vice de Bolsonaro, Braga Netto, elogiou o sistema de reabertura da atividade econômica, que é criticado por Onyx como "pintar mapinhas". Onyx questionou quem veio em socorro da população quando houve a pandemia, e disse que foi o governo federal com os auxílios financeiros. Leite salientou que reduziu impostos, investiu em infraestrutura, por exemplo, e pediu alternativas a Onyx. O ex-ministro citou corte de impostos e apoio ao setor coureiro-calçadista, e criticou que o estado peca em programas de irrigação e de barragem. Leite citou que o ministro da Economia, Paulo Guedes, já afirmou que Onyx era o ministro que mais cobrava e menos entregava. Onyx encerrou o bloco dizendo que o fim da prova de vida foi obra dele.
Considerações finais
- Leite: "Tentei extrair propostas. Mas não vem. Tem muitos ataques, muitas mentiras. Os gaúchos sabem como o Estado era, a despeito dos esforços de Sartori. A gente avançou nas reformas sempre com diálogo, essa guerra que está aí na política a gente não quer por quatro anos. Tem muita gente que não concorda com minhas ideias que estão me apoiando. O primeiro voto nas eleições é para governador, porque nem Lula nem Bolsonaro estarão aqui. É um Estado que paga as contas e se respeita".
- Onyx: "Quero perguntar ao senhor que está em casa. Eu tenho 68 anos, não estou aposentado. Mas aquele senhor que está aí, que traiu o Rio Grande, quis se aposentar aos 37 anos. O único réu aqui dentro do estúdio é meu adversário. Eu tenho um lado, que é o do presidente Jair Bolsonaro. O criminoso Lula, que roubou o Brasil apoia (Eduardo Leite). E ele quer o voto do PT. Eu não quero o voto do PT. Eles querem a legalização das drogas, o aborto, e impedir que possamos cultuar nosso Deus".
- Após as considerações finais, Leite obteve direito de resposta, conforme as regras aprovadas pelas duas candidaturas: "Não recebo pensão. Sou o único dos ex-governadores que não recebe pensão. Não adianta falar que defende a família e colocar irmãos contra irmão. Não adianta defender a liberdade e ficar preso nas próprias ideias. O Brasil é importante mas o Rio Grande do Sul também é".