Neste domingo (30), 50,9% dos eleitores optaram por alçar novamente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à Presidência a partir de 1º de janeiro de 2023, mas, curiosamente, Jair Bolsonaro (PL) venceu na maioria dos Estados. Das 27 unidades da Federação, Bolsonaro foi vitorioso em 14 e Lula, em 13.
A explicação para o fenômeno é que grande parte dos Estados onde Bolsonaro venceu tem população reduzida, como Roraima (652 mil habitantes), Amapá (877 mil) e Acre (906 mil).
Já Lula venceu em grandes colégios eleitorais, como Minas Gerais (21 milhões de habitantes) e em todos os nove Estados do Nordeste, que juntos abrigam 57,6 milhões de brasileiros.
Com urnas apuradas até as 23h deste domingo, Lula havia recebido 60.345.737 de votos, cerca de 2,1 milhões a mais do que Bolsonaro, indicativo de que o petista assumirá o mandato em janeiro com a missão de unificar um Brasil dividido.
A força do bolsonarismo não é desprezível: o atual mandatário venceu no maior colégio eleitoral do país: São Paulo (46,6 milhões de habitantes), assim como Rio de Janeiro (17,4 milhões de moradores) e Paraná (11,6 milhões). O atual presidente também venceu em todos os Estados do Centro-Oeste.
Em alguns Estados, eleitores descolaram a disputa regional da corrida nacional. O Amazonas, por exemplo, reelegeu Wilson Lima (União Brasil), apoiador de Bolsonaro, mas a maioria da população preferiu Lula. Minas Gerais escolheu Romeu Zema (Novo) para governador, grande oposicionista de Lula, mas 50,2% dos habitantes votaram no petista para a Presidência.
É também o caso do Rio Grande do Sul, onde 56,3% dos eleitores gaúchos votaram em Bolsonaro, mas 57% preferiram Eduardo Leite (PSDB) a Onyx Lorenzoni (PL).
Em solo gaúcho, Bolsonaro recebeu 3.245.023 votos no primeiro turno e 3.733.185 no segundo, cerca de 488,1 mil votos a mais - sinal de que eleitores de Ciro Gomes (PDT), Simone Tebet (MDB) e Felipe D’Ávila (Novo) no Rio Grande do Sul migraram para o atual presidente. Já Lula recebeu 2.806.672 votos no início de outubro e, neste domingo, 85,1 mil votos a menos.
Ao longo de outubro, um Estado virou a casaca: a maioria da população do Amapá votou em Lula no primeiro turno, mas mudou de ideia e, neste domingo, preferiu Bolsonaro.
No Exterior, os brasileiros que foram às embaixadas votaram, em sua maioria, em Lula, tanto no primeiro quanto no segundo turno.