Milhares de apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) se reuniram neste feriado de 7 de setembro na Avenida Paulista, em São Paulo, em ato a favor do governo e da reeleição do presidente. Durante o evento, a ode a Bolsonaro dividiu espaço com críticas ao Supremo Tribunal Federal (STF), ao Congresso Nacional e ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), principal concorrente de Bolsonaro na eleição.
Mesmo sem a presença do presidente, como no ano passado, houve ampla concentração na Paulista desde o final da manhã, que se intensificou a partir do início da tarde. A chuva que atingiu a capital paulista cessou perto das 14h, o que permitiu a concentração dos militantes em frente aos caminhões de som — ao todo, 13 receberam autorização para funcionar ao longo da avenida. A maior aglomeração se deu nas proximidades do Museu de Arte de São Paulo (Masp), onde estacionou o caminhão do movimento Nas Ruas.
Ornados com a bandeira nacional e vestindo trajes nas cores verde e amarela, apoiadores do presidente circularam na avenida até perto das 17h, quando houve a dispersão. Muitos carregavam faixas em apoio a Bolsonaro, enquanto outros preferiram usar os cartazes para protestar contra ministros do STF.
Parte dos manifestantes pedia o impeachment dos ministros, possibilidade que está prevista em lei, ou, de forma genérica, a saída deles de seus cargos. Outros defendiam que Bolsonaro deveria acionar as Forças Armadas para destituir os ministros do Supremo, o que seria uma medida inconstitucional e antidemocrática.
Havia também mensagens depreciativas direcionadas ao ministro Alexandre de Moraes, que integra o STF e preside o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Um homem transitava com um boneco que reproduzia a imagem de Moraes portando um cartaz com a frase "Inimigo do Brasil". O bordão "Supremo é o povo" foi puxado incontáveis vezes, a fim de fustigar a Corte.
Filho do presidente, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL) externou a reclamação:
— Estamos aqui, hoje, dobrando a aposta contra os abusos do STF — anunciou Eduardo durante o discurso, lembrando que, caso seja reeleito, o pai indicará dois ministros para o Corte no próximo mandato.
Em menor grau, também houve críticas ao Congresso Nacional. Um alvo particular foi o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
Rival de Bolsonaro na disputa presidencial, Lula também foi alvo dos apupos da militância governista: além de faixas contra o petista, gritos de "ladrão" e pedidos de prisão do ex-presidente eram frequentemente puxados pelos porta-vozes do protesto.
Havia expectativa de que o discurso de Bolsonaro no Rio de Janeiro fosse transmitido pelos caminhões estacionados na Paulista, o que não aconteceu. Enquanto o presidente falava no Rio, candidatos a deputado ligados a ele pediam voto aos militantes presentes.
Ao lado de um dos caminhões, simpatizantes de Bolsonaro inflaram dois bonecos com a imagem dele na Avenida Paulista. Em um dos desenhos, Bolsonaro aparecia montado em um equino, na intenção foi reproduzir a imagem de D. Pedro I, que proclamou a Independência do Brasil.
Não houve registro de violência durante o ato.