A campanha do candidato à Presidência da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com o intuito de intensificar a busca do voto evangélico, no qual o presidente e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL), tem ampla vantagem, escalou a ex-ministra Marina Silva (Rede) e o candidato à vice-presidência, Geraldo Alckmin, para atrair a fatia de eleitores religiosos.
De acordo com a pesquisa Datafolha divulgada na última quinta-feira (22), o chefe do Executivo lidera entre os evangélicos com 50%, enquanto Lula aparece com 32%. Os números já representam uma diminuição na diferença: no dia 9 de setembro, o placar era de 51% a 28%, respectivamente. A melhora é atribuída às ações promovidas neste último mês.
A campanha está traçando possíveis programações para Marina e Alckmin nos próximos dias, de acordo com o pastor presbiteriano Luís Sabanay, que coordena o núcleo de evangélicos da sigla. Marina é evangélica e Alckmin, católico praticante, o que na visão da campanha facilitaria o diálogo com esses eleitores.
— Nós pedimos para cada coordenação estadual fazer com que a campanha de Lula e Alckmin seja visível. E como se dá isso? Através de testemunho. Qual a diferença da nossa campanha e da campanha do Bolsonaro? Não instrumentalizamos religião — diz Sabanay.
De acordo com Sabanay, as ações planejadas nessas eleições visam, além de discutir os problemas reais que atingem a maioria do público evangélico, combater as mentiras que afastam o eleitorado religioso de Lula. A Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito dará subsídios à campanha nessa reta final. O movimento está preparando, por exemplo, um roteiro para desmentir um vídeo que circula nas redes sociais e que associa Lula e PT ao aborto e à descriminalização das drogas, temas caros ao público religioso.
No material, uma mulher negra diz que, como mãe e cristã, se preocupa muito "com o que está sendo repassado às nossas famílias". "Eles sempre foram a favor da descriminalização das drogas, da liberação de presos. Eles chegam ao ponto de dizer que veem lógica no assalto. Que o bandido não pode ser preso só porque roubou o celular", diz. O material recupera uma fala antiga de Lula em que afirma que jovens são assaltados e violentados pela polícia, "às vezes inocente ou às vezes porque roubou um celular".