A disputa pelo Palácio Piratini conta com uma candidata que traz como bandeira, além das tradicionais promessas de melhorias sociais, a transformação do Estado em ponto de partida para uma ruptura com o sistema capitalista no país e que prevê estatização de empresas privadas e um plano emergencial para “eliminar a fome, a miséria e o desemprego”.
A quem pergunta à candidata Rejane de Oliveira, 61 anos, se as propostas elencadas pelo PSTU são factíveis ou peças retóricas em debate mais amplo sobre o modelo econômico do país, já que muitas medidas estruturais são ousadas e dependem de aprovação na Assembleia, ela sustenta que o plano é concreto e conta com a pressão popular para convencer deputados estaduais a chancelarem a conversão do Estado a um projeto autodenominado revolucionário.
— Somos alternativa revolucionária. (...)Temos propostas bem concretas como, por exemplo, a expropriação das 10 maiores empresas que lucraram até hoje com isenções e privilégios. Elas precisam ser expropriadas porque aqueles e aquelas que produzem as riquezas, que é a classe trabalhadora, precisam administrar essas empresas e dizer para onde vai esse dinheiro — argumenta a ex-presidente do Cpers-Sindicato, entidade que representa professores e trabalhadores da educação.
Além da estatização de empresas, o programa do partido prevê a reversão do processo de privatização da Corsan e a manutenção do Banrisul como instituição pública. Como medida emergencial de combate à pobreza, a candidata propõe o “cancelamento do endividamento dos trabalhadores” que eventualmente tenham débitos em aberto no banco gaúcho.
A proposta do PSTU inclui medidas como: suspensão do pagamento da dívida do Estado com a União e auditoria do débito; plano de obras contratadas pelo Estado; redução da jornada de trabalho sem redução salarial para acabar com o desemprego; promoção de reforma agrária a partir do Piratini; construção de casas populares, hospitais e creches.
Série de entrevistas
De 29 de agosto a 8 de setembro, GZH publica entrevistas com candidatos a governador do RS. O foco é discutir problemas do Estado e aprofundar as propostas de governo. Cada um dos oito postulantes de partidos com ao menos cinco representantes no Congresso terá entrevistas mais longas. Os outros concorrentes dividirão uma reportagem em 8/9. A ordem de publicação é alfabética, conforme o nome que será apresentado na urna.
Se eleita, Rejane não vê problemas para levar adiante esse conjunto de medidas:
— Se ganharmos as eleições, teremos o povo do nosso lado. E achamos que a única forma de fazer uma mudança e uma ruptura com o sistema capitalista é a partir da mobilização do povo ao nosso lado, não com canetaço de governo. Então, a Assembleia terá obrigatoriamente que ouvir o povo.
Em relação aos recursos necessários para o conjunto de obras executadas pelo próprio governo, que abrange melhorias nas estradas, afirma que ainda não foram elaboradas estimativas de valor.
— Seria um debate a ser feito por meio dos conselhos populares, que é quem vai organizar esses processos, com representação da classe trabalhadora, e que vai apontar para o nosso governo quais são as prioridades e o investimento que vamos fazer — projeta a candidata natural de Porto Alegre.
O PSTU traz como vice Vera Rosane de Oliveira, 57 anos, compondo chapa de duas mulheres negras.