O presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, afirmou que vai "passar a faixa e se recolher" caso perca as eleições. A declaração foi dada durante entrevista a um podcast de jovens cristãos nesta segunda-feira (12).
Ele disse ainda que continuará no cargo se "essa for a vontade de Deus", mas que "se não for, a gente passa a faixa".
— Se essa for a vontade de Deus, eu continuo. Se não for, a gente passa a faixa e vou me recolher. Na minha idade não tenho mais nada para fazer aqui na Terra — disse Bolsonaro, que tem 67 anos, ao sinalizar um abandono da vida política no fim do mandato.
No mesmo podcast, Bolsonaro admitiu que "aloprou" e "perdeu a linha" na pandemia, quando disse que não era "coveiro" ao ser questionado sobre o número de brasileiros mortos por covid-19.
Depois, ao se referir a um dos apresentadores, o chefe do Executivo usou a palavra "escurinho".
— Você é afrodescendente? — questionou o presidente.
— Eu sou — respondeu o apresentador Fernando Vilela.
— Tu é meio escurinho. Ah, isso é crime. Não ouviu falar que eu era racista, não? — retrucou Bolsonaro.
Antes, o chefe do Executivo já tinha se referido ao mesmo apresentador como "gordinho". Depois, Bolsonaro chamou o apresentador Teófilo Hayashi de "japa".
Essa não é a primeira vez que Bolsonaro se envolve em polêmica com falas de cunho racista. Em maio de 2021, na saída do Palácio do Alvorada, em Brasília, o presidente disse ter visto uma barata no cabelo crespo de um rapaz que tentava tirar uma foto sua.
Em julho do ano passado, o mandatário chegou a comparar o cabelo crespo de um apoiador que o acompanhava, também no Alvorada, a um "criador de baratas" e perguntou quantas vezes por mês o rapaz o lavava. O apoiador, por sua vez, demonstrou não se importar com as falas do presidente. Pelas imagens, não é possível afirmar se trata-se do mesmo seguidor que o acompanhou dois meses antes.
Ainda no podcast, o candidato à reeleição voltou a defender o tratamento precoce. Apesar de reconhecer que determinadas frases foram inadequadas, Bolsonaro voltou a usar o fato de ter melhorado da covid-19 para defender remédios de eficácia não comprovada.