No mesmo final de semana em que conseguiu fechar com o MDB, o ex-governador Eduardo Leite (PSDB) foi alertado de que pode perder o apoio do União Brasil para sua candidatura à reeleição. Dono da maior fatia do horário eleitoral, o partido foi o primeiro a anunciar aliança com o tucano, mas avalia tomar outro rumo diante da perspectiva de ser excluído da chapa majoritária com a indicação de Gabriel Souza (MDB) para a vaga de vice.
A participação na chapa de Leite seria uma imposição da direção nacional do partido, buscando algum protagonismo no pleito estadual. O mesmo ocorre em São Paulo, onde a legenda tenta emplacar o vice do governador Rodrigo Garcia (PSDB).
Desde o início das conversas com Leite, o União Brasil trabalha com a prerrogativa de indicar o companheiro de chapa do tucano. O presidente da executiva estadual, Luiz Carlos Busato, acenou com a possibilidade de abrir mão da vaga para facilitar a coligação com o MDB, mas a exigência foi reafirmada a Leite pelo vice-presidente nacional, Antonio de Rueda, em uma reunião no domingo passado (24), em Porto Alegre.
No final da tarde de sábado (30), um dia antes da convenção do MDB, o ex-governador se reuniu com Busato e ouviu de seu ex-secretário que a legenda não abriria mão de indicar o vice e que, caso isso não fosse possível, poderia "buscar outro caminho".
Após o encontro, Busato informou, no Twitter, que o União Brasil havia aceitado o convite para indicar o vice de Leite e que, em outro cenário iria "voltar a se reunir e rediscutir seus rumos". Como a ata da convenção ficou em aberto, o caminho do partido pode ser definido até o dia 5 de agosto.
Uma hora e meia depois da postagem, o chefe da Casa Civil, Artur Lemos, que ocupa a presidência estadual da federação PSDB-Cidadania, usou a mesma rede social contemporizar:
"Como Presidente da Federação PSDB-CID, respeitamos a orientação nacional do UB pela coligação no RS. Com o mesmo respeito, pela união do centro, amanhã temos nossa convenção e de outros parceiros, como o MDB. Esperamos manter o centro unido na continuidade deste projeto p/ RS", escreveu Lemos.
Questionado, Busato ressaltou que a exigência de ocupar o lugar de vice é da direção nacional do partido e lembrou que, no dia em que o apoio a Leite foi anunciado, o ex-governador disse que a vaga seria aberta a outro aliado apenas com o consentimento do União Brasil.
— De minha parte, não haveria problema nenhum em fazer uma composição, mas a direção nacional está cobrando isso em função do compromisso que o Eduardo assumiu. Estou confiando na palavra do governador. Para nós, ele ainda não falou que não teremos o vice, e também não vi ele dizer na imprensa que o vice será o Gabriel — declarou Busato.
Flanco aberto para Onyx
Se o União Brasil bater em retirada da coligação governista, o destino mais provável será migrar para os braços de Onyx Lorenzoni (PL). Busato já foi procurado pelo candidato do PL, que ainda não anunciou vice em sua chapa.
Caso consiga atrair o União Brasil, o ex-ministro do governo Bolsonaro passará Eduardo Leite e terá o maior tempo de propaganda em rádio e televisão.
Além do PL, Busato diz que foi contatado pelo PDT, que lançou Vieira da Cunha, e pelo PSC, de Roberto Argenta. Vieira é outro que até o momento, não indicou quem será seu vice.