O presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à Presidência da República, afirmou nesta segunda-feira (22), em entrevista ao Jornal Nacional, da TV Globo, que o resultado da eleição deste ano será respeitado desde que seja um processo limpo e transparente. Bolsonaro disse, ainda, que quem definiria a questão de transparência eleitoral são as Forças Armadas.
— Eleições limpas têm que ser respeitadas — disse Bolsonaro.
— Está posto que as eleições brasileiras são limpas — rebateu o apresentador do Jornal Nacional, William Bonner.
— Serão respeitadas desde que sejam limpas e transparentes — afirmou o candidato.
Na entrevista, Bolsonaro também foi questionado sobre ter "xingado" ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Ele negou ter xingado os ministros e alegou que prega mais segurança para as eleições. Na sequência, reconheceu ter chamado de “canalha” um dos integrantes da Corte, o ministro Alexandre de Moraes, e disse que a relação está “pacificada”.
A apresentadora Renata Vasconcellos questionou sobre coronavírus e lembrou declarações de Bolsonaro sobre a pandemia. O presidente também defendeu a atuação do governo federal, alegando que mais de 500 milhões de doses de vacinas foram distribuídas. Também voltou a sustentar a validade do chamado “tratamento precoce”, que não teve eficácia comprovada contra o coronavírus.
Questionado respeito de seu comportamento pessoal e de uma eventual falta de compaixão com as vítimas da covid-19, o presidente falou sobre o auxílio emergencial.
Outro assunto abordado na entrevista foi a economia brasileira. Nesse ponto, Bolsonaro disse que pretende manter a política econômica vigente desde o início do governo, em 2019.
— Em 2020 e 2021, tivemos saldo positivo de quase 3 milhões de empregos no Brasil — ressaltou.
Indagado sobre o aumento do desmatamento da Amazônia, o presidente disse que tentou promover uma regularização fundiária na região, mas “o presidente da Câmara (na época, Rodrigo Maia) não colaborou para levar essa proposta adiante”.
— A Amazônia é do tamanho da Europa Ocidental. Você pensa que fiscalizar para evitar pegar fogo é simples? — questionou o presidente, ressaltando que “manda cumprir a lei”.
Ao responder sobre os acordos com o bloco conhecido como centrão no Congresso, o presidente alegou que o grupo é formado “por cerca de 300 parlamentares” e que seria um “ditador” sem governar em conjunto com deputados e senadores.
— Os partidos de centro fazem grande parte da base do governo para que possamos avançar em reforma. Por exemplo, através do centrão conseguimos aprovar o Auxílio Brasil de R$ 600 para 20 milhões de famílias — emendou.
Confrontado com declarações de 2018 em que criticava o bloco, Bolsonaro disse que, “no seu tempo”, não existia o centrão e ressaltou ter escalado um “ministério técnico”. O presidente fez elogios nominais a alguns ministros, entre eles Onyx Lorenzoni (PL), que comandou quatro pastas no governo e concorre ao governo do Rio Grande do Sul.
Perguntado sobre as dificuldades enfrentadas no Ministério da Educação (MEC), negou que tenha ocorrido um escândalo no episódio que marcou a demissão do ex-ministro Milton Ribeiro, preso pela Polícia Federal por suspeitas de corrupção. Sobre a rotatividade no comando do MEC, disse:
— Muitas vezes, depois que a pessoa chega, a gente vê que não leva jeito para aquilo.
Ao final da entrevista, o presidente negou ter interferido na autonomia da Polícia Federal (PF) e relacionou acusações da associação de delegados a uma demanda não atendida para a reestruturação das carreiras.
Nas considerações finais, o candidato à reeleição mencionou pontos que considera positivos de seu governo, como redução no preço dos combustíveis, criação do Auxílio Brasil de R$ 600, obras de transposição do Rio São Francisco, titulação de terras no campo e operacionalização do Pix.
— Fizemos muitas reformas em 2019, mas infelizmente tivemos a covid, depois tivemos guerra lá fora (entre Rússia e Ucrânia), tivemos uma seca enorme. Fizemos todo o possível para que a população brasileira sofresse o menos possível — declarou.
Bolsonaro foi o primeiro presidenciável entrevistado pelo Jornal Nacional, nesta semana. Na terça-feira (23), será a vez de Ciro Gomes (PDT). Também serão ouvidos Luiz Inácio Lula da Silva (PT), na quinta-feira (25), e Simone Tebet (MDB), na sexta (26). A ordem foi definida por sorteio, acompanhado por representantes dos candidatos.