Em agenda de campanha na tarde desta quarta-feira (24), o candidato à reeleição para a presidência da República, Jair Bolsonaro (PL), se reuniu com apoiadores em Belo Horizonte, Minas Gerais, e participou de motociata, que saiu da Praça da Pampulha com destino à Praça da Liberdade, em realizou comício, que reuniu uma multidão de pessoas.
Ao lado do deputado estadual Bruno Engler (PL-MG) e do candidato a deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), o chefe do Executivo disparou em discurso ataques ao PT e abordou pautas como aborto e armamento.
— Não queremos a volta do PT ao poder. Colocamos um ponto final na corrupção. Não queremos legalização do aborto, e sim, a defesa da família, liberdade de religião e de expressão. Queremos dizer que somos um país livre. Não temos medo de armar o cidadão de bem. Mais do que a segurança, armar a população é a garantia de que ninguém nos escravizará — declarou.
Ainda durante o comício, o candidato alegou que o ex-presidente e adversário político Luís Inácio Lula da Silva (PT) defende países como Cuba, Venezuela e Nicarágua, que, segundo ele, "são ditaduras e perseguem a oposição".
— Tenho orgulho de dizer que na cadeira de Brasília não tem um comunista sentado — continuou.
Mais cedo, Bolsonaro esteve no município de Betim, região metropolitana de BH, onde discursou para eleitores e voltou a afirmar que respeitará o resultado das eleições, "caso elas sejam limpas".
— Não podemos perder a democracia em uma eleição. Não estou fazendo eleição aqui. O que está em jogo não é o meu mandato, é o futuro do Brasil — afirmou.
O chefe do Executivo voltou a associar os apoiadores do "Fique em casa" a comunistas. Também declarou que foi um dos "únicos chefes de Estado" a dizer isso:
— Vocês puderam sentir o gosto de um governo comunista. A igualdade do lado de lá é na miséria e na pobreza — disse.
Operação da PF
O presidente se pronunciou pela primeira vez de forma pública sobre a operação da Polícia Federal (PF) contra empresários acusados de defender um golpe de Estado no país caso o ex-presidente Lula vença a eleição para o Palácio do Planalto.
— Eu pergunto a vocês: o que aconteceu com os empresários agora? Oito empresários. Dois eu tenho contato com eles: Luciano Hang, dono da Havan, e Meyer Nigri, dono da Tecnisa. Cadê aquela turminha da carta pela democracia? Acreditando que eles são democratas e nós não somos. Cadê aquela turminha da carta pela democracia? — ironizou, em referência aos manifestos pela democracia organizados pela sociedade civil após o chefe do Executivo reunir embaixadores no Palácio da Alvorada e proferir novos ataques às urnas eletrônicas.
Na terça-feira (23), a PF cumpriu mandados de busca e apreensão em endereços ligados a oito empresários que apoiam Bolsonaro. A operação ocorreu um dia após o candidato dizer, em entrevista ao Jornal Nacional, da TV Globo, que o conflito com o ministro Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), estaria "superado". Integrante do Supremo Tribunal Federal (STF), Moraes foi quem autorizou a operação.
— O que está em jogo agora nesta eleição? Eu sempre digo que perder uma eleição na democracia é natural. Faz parte da regra do jogo. Mas nós não podemos perder a democracia na eleição — finalizou.
A operação contra empresários tem gerado polêmica. Uma das entidades que se manifestaram é o Instituto de Estudos Empresariais (IEE). Em nota, o instituto "demonstra profunda apreensão em relação à decisão do ministro Alexandre de Moraes" e faz defesa da liberdade de expressão. "A ação violou o sigilo bancário, telefônico e de outras áreas de importantes empresários do nosso país, sob a alegação de que eles estariam atentando contra a democracia. Não só esta decisão é claramente inconstitucional, como já argumentado por diversos advogados de notoriedade pública, como torna-se ainda mais vil quando realizada por um ministro que deveria ser o guardião da Constituição", diz o texto, sugerindo ao Senado que atue como "fiscalizador do STF, reagindo a quaisquer abusos contra a liberdade dos brasileiros".