Em busca da reeleição, o presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a minimizar os dados sobre a fome e o aumento da miséria no Brasil e disse nesta terça-feira (30), a empresários do setor de comércio e serviço, que não há fome "na proporção que dizem aí".
De acordo com dados do 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, a fome avançou este ano e 33 milhões de pessoas não têm o que comer. A edição mais recente da pesquisa, divulgada em junho, mostra que mais de 58% da população vive com algum grau de insegurança alimentar.
O presidente, contudo, afirmou no evento "Diálogos com Candidatos à Presidência da República", organizado pela União Nacional de Entidades do Comércio e Serviços (Unecs), que dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) "mostram que o Brasil tem reduzido o número de pessoas abaixo da linha da miséria". Ele chegou a falar sobre os 33 milhões, número que rejeitou.
Na sexta-feira passada, Bolsonaro já havia minimizado os dados da fome no país. Por duas vezes, ele disse que não se vê pessoas pedindo "pão" na padaria.
— Se a gente for na padaria, não tem ninguém ali pedindo pra você comprar um pão pra ele. Isso não existe — afirmou, ainda completando em seguida: — Fome no Brasil? Fome pra valer? Não existe da forma como é falado — declarou.
Forças Armadas
No evento, Bolsonaro também disse que as Forças Armadas não vão servir de "moldura" na eleição, ou seja, não terão papel decorativo. O candidato à reeleição, que tem atacado sem provas a confiabilidade das urnas eletrônicas, voltou a falar que é preciso transparência no processo eleitoral.
— Eleições transparentes, limpas, ninguém deve contestá-las — declarou.
Bolsonaro frisou que Exército, Marinha e Aeronáutica estão sob seu comando, mas ressaltou que isso ocorre em todos os governos.
— Convidaram as Forças Armadas a integrar a comissão de transparência eleitoral. Essa questão está lá com as Forças Armadas, que foram convidadas, não se intrometeram nisso (...) As Forças Armadas têm responsabilidade, têm sua credibilidade perante a opinião pública, e não vão servir de moldura para a eleição. Elas vão fazer a coisa certa, estão se empenhando — emendou.
No evento organizado pela Unecs, o chefe do Executivo disse que "todos os problemas" acabam com a transparência nas eleições. Na semana passada, em entrevista ao Jornal Nacional, da TV Globo, Bolsonaro disse que aceitaria o resultado eleitoral, caso perdesse, mas somente se a disputa fosse o que considerou "limpa".