O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Edson Fachin, rebateu nesta segunda-feira (18) os ataques feitos pelo presidente Jair Bolsonaro ao processo eleitoral do país. Sem citar o nome de Bolsonaro, mas com referência direta ao discurso que o presidente fez no Palácio da Alvorada para um grupo de embaixadores, Fachin afirmou que "é hora de dar um basta à desinformação e ao populismo autoritário".
A dura reação do presidente do TSE ocorreu durante uma fala em evento organizado pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) no Paraná:
— Quero dizer, sem meias palavras, que é muito grave, que há um inaceitável negacionismo eleitoral por parte de uma personalidade pública importante. E é muito grave acusação de fraude, de má-fé a uma instituição mais uma vez sem apresentar prova alguma.
Fachin se referia às seguidas declarações Bolsonaro na reunião com embaixadores estrangeiros em que o presidente da República citou o TSE, três de seus ministros (o próprio Fachin, Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso) e levantou uma série de suspeitas sem prova alguma de falhas no sistema eletrônico de votação.
— É importante que a sociedade civil, cidadãos e cidadãs entendam que esse tipo de desinformação como aquelas que hoje foram veiculadas nesta capital, se isso assim prosseguir, somente pode interessar a quem não interessam provas e fatos. Por isso, precisamos nos unir e não aceitar sem questionar a razão de tantos ataques institucionais e pessoais. Mais uma vez , a Justiça Eleitoral e seus representantes são atacados, como foram na data de hoje, com acusações que não têm fundamento na realidade — declarou Fachin.
O ministro também fez questão de condenar a atitude do presidente de convocar embaixadores estrangeiros para difundir desinformação:
— Mais grave ainda envolver a política internacional e as Forças Armadas nessa contaminação. As Forças Armadas, cujo papel relevante e constitucional ninguém pode negar, são forças de Estado e não de um governo.
No Congresso
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), divulgou nota para reafirmar a confiança nas urnas. Mais uma vez sem citar diretamente o presidente da República, Pacheco disse que a segurança do processo não pode ser questionada.
"A segurança das urnas eletrônicas e a lisura do processo eleitoral não podem mais ser colocadas em dúvida. Não há justa causa e razão para isso. Esses questionamentos são ruins para o Brasil sob todos os aspectos", afirmou o senador.
Pacheco já se posicionou contra o discurso de Bolsonaro em relação às urnas eletrônicas e se reuniu com ministros do Supremo Tribunal Federal e integrantes das Forças Armadas nos últimos meses para defender a realização das eleições e o respeito ao resultado das urnas.
"O Congresso Nacional, cuja composição foi eleita pelo atual e moderno sistema eleitoral, tem obrigação de afirmar à população que as urnas eletrônicas darão ao país o resultado fiel da vontade do povo, seja qual for", escreveu o presidente do Senado, nesta segunda, após a reunião de Bolsonaro com embaixadores.