A largada das reuniões do prefeito eleito Sebastião Melo (MDB) com os partidos que o apoiam, objetivando traçar a formatação do futuro governo, está levando as siglas a definirem seus nomes prioritários. Em entrevista a GZH, Melo anunciou que chamaria o PTB, entre outras agremiações, para conversar ainda nesta semana. Na direção petebista, dois dos nomes considerados mais fortes para a composição de governo são o do vereador Cássio Trogildo, líder da bancada do partido na Câmara, e de Carlos Siegle, também conhecido como Nenê, secretário-geral da sigla em Porto Alegre.
— É um grande nome, não há dúvida. O Cássio é um parlamentar que se consolidou muito ao longo dos dois mandatos que fez na Câmara. É um quadro experiente e qualificado do PTB, sempre muito forte na possível composição de governo. Mas ainda é prematuro porque não sabemos o perfil que o prefeito imagina — ponderou Éverton Braz, presidente do PTB de Porto Alegre.
Os petebistas ganharam protagonismo no final do primeiro turno, quando o ex-prefeito José Fortunati (PTB) renunciou à disputa pela prefeitura, após a impugnação de seu vice pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE). O PTB foi rápido ao desembarcar da candidatura própria e anunciar apoio a Melo, e Fortunati seguiu o partido na aliança de última hora com o MDB. A sigla é tradicionalmente conhecida em Porto Alegre pela forte militância em periferias.
— Tanto ele (Trogildo) quanto o nosso secretário-geral (Siegle), além de nomes que foram secretários em outras gestões, têm muita capacidade. A gente aguarda que o prefeito eleito nos diga que tipo de contribuição espera de nós — disse Braz.
Nas reuniões de transição de governo e também nas conversas com Melo sobre a montagem do governo, o PTB indicou Trogildo e Siegle como seus representantes.
Siegle atuou como secretário-adjunto, por indicação partidária, nos governos de José Fortunati e de Nelson Marchezan em Porto Alegre. No pleito de 2020, Trogildo não tentou a reeleição. Ao longo dos últimos anos, ele esteve no centro de um embate jurídico com o Ministério Público Eleitoral, que tentou, entre idas e vindas, cassar seu mandato com a acusação de suposto uso da máquina da prefeitura em campanha. Advogado de Trogildo, o especialista em Direito eleitoral Antônio Augusto Mayer dos Santos diz que o seu cliente estava inelegível até 7 de outubro, mas, com a prorrogação do calendário devido à pandemia, o impedimento expirou. Trogildo, desta forma, estava elegível, diz Mayer dos Santos. Não ter concorrido, neste contexto, foi uma opção.
Melo deu início ao processo de formação do governo na segunda-feira (7), em reunião com o MDB. Nesta terça (8), ele conversou com o partido Novo e com o ex-deputado federal João Derly (Republicanos), que concorreu à prefeitura de Porto Alegre e, no segundo turno, apoiou Melo. O emedebista diz que, neste momento, não está falando em nomes para o primeiro escalão, mas em critérios para indicações partidárias e métodos de escolha dos quadros.
Nos bastidores, pelo menos três nomes do MDB estão credenciados para assumir funções. O vereador eleito Cezar Schirmer (MDB), nome considerado certo para o secretariado, poderá assumir a Governança ou estrutura ligada a projetos estratégicos. Lourdes Sprenger (MDB), vereadora reeleita, articula para receber nomeação à pasta do Meio Ambiente e dos Animais. Já Gustavo Ferenci (MDB), um dos assessores mais próximos de Melo, seria uma indicação pessoal do prefeito eleito. Ele é cotado para a Comunicação ou Transparência e Controladoria. Caso Ferenci assuma a Transparência e Controladoria, crescem as chances de o jornalista André Machado (PP) ser confirmado na Comunicação, estrutura que na atual formatação da prefeitura tem status de gabinete.
Já o SD tenta assegurar a indicação do advogado André Barbosa, coordenador jurídico da campanha, para a Procuradoria-Geral do Município (PGM).
Agenda do dia
Melo renunciou, na tarde desta terça-feira (8), ao mandato de deputado estadual. Por volta das 16h, ele fez seu último pronunciamento na tribuna da Assembleia Legislativa, quando anunciou que estava deixando o mandato antes da posse como prefeito, em 1º de janeiro, para se dedicar exclusivamente à transição de governo.
Quem assume no lugar de Melo uma cadeira na bancada do MDB é Patrícia Alba, com quem Melo se reuniu nesta terça para discutir o processo de substituição.
Melo havia sido eleito em 2018 para a Assembleia, ocasião em que passou a ocupar pela primeira vez na sua trajetória um assento de deputado estadual.
Ainda nesta terça, Melo se reuniu com a Associação dos Permissionários do Mercado Público. O prefeito eleito já manifestou que pretende passar a gestão do histórico estabelecimento aos permissionários, desde que eles se comprometam a investir os valores pendentes para a reabertura do segundo piso, fechado desde que foi atingido por um incêndio em 2013.