Existe um ponto sagrado para uma parte considerável dos apoiadores de Sebastião Melo, que o levaram à vitória sobre Manuela D'Ávila: o compromisso de jamais, sob hipótese alguma, aumentar impostos. Foi a elevação do IPTU que motivou a saída do liberal Ricardo Gomes do secretariado de Nelson Marchezan, que se elegeu com aliança parecida com a de Melo. Hoje, Ricardo Gomes é o vice-prefeito eleito da Capital. Ele representa um importante setor econômico e político da cidade.
Fato: por mais que tenhamos reclamado, Porto Alegre e a gestão de Melo se beneficiarão do aumento do IPTU proposto por Marchezan e aprovado pela Câmara Municipal. Agora, Melo terá de colocar em prática a sua promessa de abrir mão de parte da receita prevista. Seus aliados garantem que todos os cálculos foram feitos e que não haverá prejuízos econômicos para a cidade. Só falta combinar com os russos, em um contexto de retração econômica e de pandemia.
Seja como for, Melo não poderá sequer pensar em aumento de impostos, mesmo que, no futuro, nomes criativos sejam inventados — reajuste, justiça tributária, adiantamento — para justificar a necessidade de aumento da arrecadação. Aliás, espera-se que, em nome do liberalismo, que serviu de suporte para sua eleição, o prefeito eleito alivie a população e as empresas da sufocante carga de impostos que são obrigados a pagar. Como fazer, em um contexto em que o poder público tende a ser cada mais pressionado? Ora, é para isso os prefeitos são eleitos.