Os eleitores que foram às urnas neste domingo (15) nos 497 municípios do Rio Grande do Sul optaram por dar mais força a partidos de direita e centro-direita e menos poder a siglas de esquerda na escolha dos prefeitos.
Um padrão que se mantém há anos no Estado foi mantido: entregar mais da metade das prefeituras gaúchas para o PP e o MDB. Juntas, as duas siglas venceram em 277 municípios, incluindo grandes cidades como Rio Grande, Gravataí e Erechim. Entre as eleições de 2016 e as deste domingo, o PP perdeu uma prefeitura, e o MDB ganhou quatro. Cinco localidades gaúchas, porém, se mantinham com resultado "sub judice" até a tarde desta quarta-feira (18) e poderiam alterar o placar geral em uma pequena margem. Essas situações envolvem dos mandatos do PSDB, dois do PP e um do PT.
Em termos proporcionais, quem mais ganhou força foi o PL, que deu um grande salto: não vencera em nenhum município em 2016 e, agora, ganhou em 10 cidades — entre elas São Gabriel, Itaqui e São José das Missões.
O PSL, do qual fazia parte o presidente Jair Bolsonaro, foi outro que ganhou força. A sigla não comandava nenhuma prefeitura até agora e, a partir de 1º de janeiro, estará à frente de sete cidades gaúchas. Todas são localidades pequenas — a maior é São José do Norte, no Sul, com 27,7 mil habitantes.
— O bolsonarismo pode ter mantido uma influência ainda significativa em cidades menores do Interior, impulsionando algumas candidaturas — opina o cientista político e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Paulo Peres.
Esquerda enfraqueceu em 2020 nas prefeituras
Em contraste à disparada dos conservadores, o PT mantém uma forte queda que começou em 2012. A sigla do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou a controlar, oito anos atrás, 72 cidades gaúchas. Em 2016, ganhou em 38 e, agora, em 23, uma queda de 40%
A maior parte dos municípios que será governada pelo PT está localizada no norte do Rio Grande do Sul, e a única grande cidade conquistada é São Leopoldo, na Região Metropolitana.
Em razão dessa performance minguante, o PT já fica próximo do mesmo número de prefeitos eleitos pelo PSB — que conquistou 18 mandatos municipais, conforme os resultados consolidados do TSE.
Peres observa que o declínio do PT se manteve intenso contrariando expectativas de uma possível estabilização. O cientista político observa que o terreno perdido pelos petistas não foi ocupado por outros candidatos do mesmo campo ideológico na escolha dos prefeitos.
— Em 2016, o PT já estava em queda, mas outros partidos de esquerda, como PDT e PSB, seguiam em crescimento. Agora, esse declínio parece ter contaminado os demais partidos tradicionais da esquerda, enquanto ganharam força principalmente pequenos partidos de direita, como PSL e PL, além de um crescimento mais moderado do centro, com MDB e PSDB — interpreta Peres
O PSB oscilou de 24 para 18 prefeitos eleitos, enquanto o PDT recuou de 78 para 65 cidades governadas. É um cenário bem diferente do pleito de quatro anos atrás, quando os pedetistas haviam acrescentado oito prefeituras aos seus domínios, e o PSB, seis.
Nestas eleições, cinco municípios gaúchos ainda vão realizar o segundo turno daqui a duas semanas e, por seu peso político, poderão enfraquecer ou reforçar os partidos em disputa: Porto Alegre, Canoas, Pelotas, Caxias do Sul e Santa Maria.