Depois de uma manhã de reuniões, a estratégia da candidatura de Nelson Marchezan (PSDB) diante da renúncia de José Fortunati (PTB) será o que já vinha se desenhando na véspera, quando a saída do ex-prefeito da corrida eleitoral ainda era especulação.
Ele classificará a aliança do PTB a Sebastião Melo (MDB) como o tipo de “conchavo e esquema” que o candidato rejeita desde o jingle, e o tipo de “diálogo” que o candidato evita e que, conforme a narrativa de Marchezan, está na origem do processo de impeachment que enfrenta na Câmara Municipal.
O episódio, todavia, não deve mudar o foco principal da reta final de campanha, que é ora comunicar feitos do governo, ora sedimentar o candidato como o antagonista ideal a Manuela D’Ávila (PCdoB) em um segundo turno.
Nas redes sociais, Marchezan foi na contramão de candidatos como Manuela, João Derly (Republicanos) e Gustavo Paim (PP), que se solidarizaram com o agora ex-candidato. Primeiramente, foi sóbrio ao dizer que não era uma decisão a ser comemorada:
“Lamento que a disputa eleitoral seja feita de vale tudo e traições. Sempre acreditei que são os cidadãos que devem decidir o futuro da cidade. Por isso a saída do Fortunati da eleição não pode ser comemorada por ninguém. Tenho certeza que o eleitor vai votar contra esses conchavos e esquemas que passam por cima da ética e da lealdade pra chegar no poder”, escreveu o candidato no Twitter.
Em seguida, Marchezan publicou um poema irônico fazendo alusão aos nomes de Fortunati e Melo. O texto começa por “desafortunados portoalegristas”, referência ao termo cunhado pela campanha de Fortunati, e termina falando em “poder paralelo”. A campanha de Marchezan também passou a retuitar comentários críticos à aliança. Um deles diz que, ao buscar o PTB, “Melo reforça a narrativa de Marchezan”.
A avaliação da campanha de Marchezan é de que o espólio de votos de Fortunati não deve migrar com naturalidade para somente um candidato. Para os tucanos, o ex-prefeito atraía eleitores que simpatizavam com sua figura carismática e valorizavam sua experiência. Esses fatores pesariam mais do que ideologia ou filiação partidária. Os votos dele, portanto, devem ter migração difusa. Uma avaliação interna é de que Juliana Brizola (PDT) poderá ser tão beneficiada quanto os líderes nas pesquisas, por estar menos atrelada à direita do que Melo.
Além das reuniões de estratégia de campanha, Marchezan visitou unidades de saúde na Avenida Assis Brasil e no IAPI. À tarde, participou de uma live sobre o futuro da educação infantil e faria encontros com líderes nas áreas de assistência social e gastronomia. Por fim, gravaria os últimos programas de TV. A campanha de rádio e TV se encerra nesta quinta-feira (12).