No primeiro turno, o apoio das celebridades se dividiu entre os diversos candidatos à Presidência da República. Na reta final das eleições 2018, em que os brasileiros estão decidindo entre Jair Bolsonaro (PSL) ou Fernando Haddad (PT) nas urnas, atores, músicos e outras personalidades manifestam em seus perfis suas preferências pessoais.
Antipetismo e o movimento #EleNão aparecem com frequência nos posts, bem como a justificativa de ter migrado de um candidato que não passou para o segundo turno para o que considera "menos pior". A seguir, veja alguns dos famosos que apoiam abertamente Bolsonaro ou Haddad:
Quem apoia Jair Bolsonaro
Uma das personalidades mais engajadas no apoio ao capitão é a atriz Regina Duarte. Não é de hoje que a "namoradinha do Brasil" manifesta suas preferências. Na eleição presidencial de 2002, gravou um depoimento para o programa do tucano José Serra em que dizia "ter medo" da eleição de Lula. Agora, em 2018, desde o início da campanha eleitoral, Regina vem usando as redes sociais para expressar apoio a Bolsonaro e, inclusive, visitou o candidato no Dia das Crianças.
A atriz também tem publicado críticas ao PT e a Fernando Haddad e recebido forte oposição de colegas da classe artística, como os atores José de Abreu e Paulo Betti. Regina foi chamada de "namoradinha da ditadura" pelo escritor, ator e humorista Gregorio Duvivier.
Mas Regina Duarte não está sozinha. Entre os outros famosos que declararam apoio a Bolsonaro estão os cantores sertanejos Eduardo Costa, Zezé Di Camargo e sua ex-mulher Zilu. À Folha de S.Paulo, a empresária e mãe de Wanessa Camargo afirmou que o Brasil precisa de um choque de realidade e de um presidente que possa pensar primeiro nos brasileiros, como aconteceu nos Estados Unidos com a eleição do republicano Donald Trump.
Gusttavo Lima também está nessa turma. O cantor polemizou, em fevereiro, ao publicar um vídeo de si mesmo atirando com um fuzil em uma aula de tiro nos Estados Unidos. Na legenda, disse que "hoje em dia o Brasil só está desarmando o cidadão de bem".
A três dias da votação, Roberto Justus gravou um vídeo declarando seu apoio a Jair Bolsonaro. O ex-apresentador do reality, A Fazenda, da Record, começa o vídeo dizendo que muitas pessoas o estão questionando sobre qual sua opinião e, depois, afirma que o candidato é a melhor opção do momento para o país.
Enquanto Justus fez sucesso nas redes com seu apoio, Inês Brasil, que fez sucesso entre o público LGBT por causa de um vídeo viral em que tentava entrar no BBB, decepcionou muitos de seus fãs ao reafirmar apoio a Jair Bolsonaro. A cantora já havia polemizado ao posar ao lado de Bolsonaro antes da candidatura à Presidência e, agora, usou sua conta no Instagram para compartilhar um vídeo onde aparece ao lado do capitão.
Bolsonaro também tem apoiadores no mundo do esporte. O ex-piloto de Fórmula 1 Emerson Fittipaldi, além de postar vídeos enrolado na bandeira do Brasil e defendendo o capitão reformado, o visitou no hospital enquanto ele se recuperava da facada que levou em setembro. Já o lutador José Aldo publicou foto com "ele sim" no dia da eleição do primeiro turno.
Entre os jogadores de futebol estão Felipe Melo, Ronaldinho Gaúcho e Rivaldo. O apoio dos dois últimos, ex-jogadores e embaixadores do Barcelona, desagradou a diretoria do clube catalão, que deve desvencilhar a imagem dos brasileiros da instituição, já que as ideias do presidenciável são incompatíveis com a filosofia da equipe.
As atrizes Luiza Tomé e Mônica Carvalho, os atores Thiago Gagliasso e Theo Becker, a ex-modelo e apresentadora Andressa Urach, o pagodeiro Ferrugem, o cantor Latino, o músico Roger, do Ultraje a Rigor, o cantor Amado Batista e o comediante Danilo Gentili completam a lista dos famosos que declararam apoio a Bolsonaro.
Quem apoia Fernando Haddad
O PT de Fernando Haddad tem defensores famosos históricos como Chico Buarque e Martinho da Vila, que foram visitar Lula na prisão, mas também recebeu a adesão de artistas que foram às ruas ou às redes sociais defender o #EleNão. Caetano Veloso também é lulista declarado e, embora no primeiro turno tenha defendido a candidatura de Ciro Gomes (PDT), entrou para a turma do #AgoraéHaddad e, inclusive, postou vídeo com a vice Manuela D'Ávila.
Os atores Paulo Betti e José de Abreu são os famosos que mais têm usado as redes sociais para tecer críticas a Bolsonaro e expressar apoio a Haddad. Defensor histórico do PT, Zé de Abreu, inclusive, usou o Twitter para rebater Regina Duarte mais de uma vez.
Em uma das mensagens mais duras, ele acusou a colega de profissão de espalhar notícias falsas: "Bolsa-presidiário existe desde 1991. Sei que você é meio esquecida, não consegue decorar texto há muitos anos (inaugurou o uso de ponto eletrônico para atores na Globo), mas 'dar um Google' evitaria de você passar fake news do fascista que você apoia."
Neta de militar, a produtora carioca Paula Lavigne, e a atriz Letícia Sabatella também declararam apoio a Haddad e fazem críticas ao seu adversário. Ambas fazem coro nas redes sociais à hashtag #caixadoisdobolsonaro, que surgiu após divulgação da matéria da Folha de S.Paulo, de que empresários que apoiam Bolsonaro estariam comprando pacotes de disparos de mensagens contra o PT pelo WhatsApp. A prática pode ser considerada doação de empresas por meio de serviços, o que é proibido pela legislação eleitoral, e não declarada, o que configuraria caixa 2.
Participantes ativas do #EleNão, algumas atrizes apoiaram outros candidatos no primeiro turno, como Ciro Gomes e Guilherme Boulos (PSOL), mas são, agora, apoiadoras de Haddad por serem contra as ideias de Bolsonaro. Entre elas estão Patrícia Pillar, Nanda Costa, Alessandra Negrini, Sophie Charlotte, Maria Casadevall, Maria Ribeiro, Juliana Alves, Renata Sorrah, Débora Falabella, Camila Pitanga, Paula Burlamarqui, Leticia Colin, Dadá Coelho, Monica Iozzi e Drica Moraes.
Marcelo D2, Criolo, Emicida, Fábio Assunção, Luis Miranda, Daniel de Oliveira, Marieta Severo, Sonia Braga, Beth Carvalho, Gilberto Gil, Zeca Baleiro, Gal Costa, Zélia Duncan, Daniela Mercury, Fernanda Takai, Pabllo Vittar, Gregório Duviver, Bela Gil, Maria Flor, Clarice Falcão, Mano Brown, entre outros, também estão entre as personalidades que têm declarado seu voto em Haddad.
Os cineastas Walter Salles e Arnaldo Jabor e o ator Wagner Moura, além de Luís Fernando Verissimo, Chico Buarque, Milton Hatoum. o linguista americano Noam Chomsky e a filósofa americana Angela Davis, estão entre as mais de 15 mil pessoas que assinam um manifesto suprapartidário contra a eleição de Bolsonaro e a favor de Haddad, que foi divulgado nesta quinta-feira (18).
Moura, inclusive, divulgou na terça-feira (16) um vídeo no qual faz um pedido ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e a Ciro Gomes para que se envolvam diretamente na campanha de Haddad como forma de deter a ascensão do "fascismo" representado, segundo ele, por Bolsonaro. "Eu sou contra qualquer tipo de patrulha ideológica, mas nesse momento as pessoas precisam se posicionar", afirma o ator no vídeo.
O músico e compositor Arnaldo Antunes divulgou nas suas redes sociais um manifesto sobre o clima de tensão e de violência nestas eleições presidenciais. Com o título de "Isto Não é um Poema", o vídeo de quase 12 minutos exibe versos sobre casos recentes de agressão atribuídos a eleitores de Bolsonaro, como o assassinato do mestre de capoeira Moa do Katendê.
"Aqui / hoje / eu vi / aterrorizado / um artista assassinado / Moa do Catendê, /mestre de capoeira, / autor do Badauê — / por conta de uma divergência política num bar / da Bahia", escreve. Há também referências a outros momentos traumáticos da história recente do Brasil, como o assassinato de Marielle Franco e o incêndio do Museu Nacional.
Fernando Haddad também ganhou o apoio de artistas declaradamente LGBTs, como as drag queens Pabllo Vittar, Aretuza Lovi, Lia Clark, a travesti Linn da Quebrada, a cantora transgênero Liniker e o cantor Johnny Hooker.
Felipe Neto também manifestou seu apoio ao candidato petista. "Eu estava neutro no 2º turno pelo meu ódio ao PT. Tudo mudou qnd Bozo falou, AGORA, que vai varrer os opositores para fora do país ou pra cadeia. Em 16 anos de PT eu fui roubado, mas nunca ameaçado. Autoritarismo nunca mais! Irei de Haddad sem orgulho algum, mas pela Democracia", escreveu o youtuber.