Os senadores eleitos pelo Rio Grande do Sul são Luis Carlos Heinze, do PP, e Paulo Paim, do PT. Heinze obteve 2,3 milhões de votos e Paulo Paim, 1,8 milhão. Confira quem são os novos eleitos para representar o Estado no Senado:
Luis Carlos Heinze, a surpresa na reta final
Das grandes surpresas reservadas pela eleição, talvez a maior delas no Rio Grande do Sul seja a eleição de Luis Carlos Heinze (PP) como senador mais votado. Apenas 24 horas antes do pleito, institutos de pesquisa como o Ibope reservavam a ele um pálido quarto lugar na disputa, atrás dos candidatos Paulo Paim (PT), José Fogaça (MDB) e Beto Albuquerque (PSB).
Heinze, 68 anos, é engenheiro agrônomo natural de Candelária (RS). Alcançou o primeiro lugar na disputa ao Senado pelo RS, enquanto o Ibope, no sábado (6), indicava 12% para ele e derrota na eleição.
É um fato ainda mais inesperado se levado em conta o ano difícil que Heinze teve. Ele precisou recomeçar do zero. Em março ele fora ungido pelo PP como candidato a governador. Sua candidatura, porém, foi extinta quando a senadora Ana Amélia Lemos, do seu partido, decidiu aceitar o cargo de candidata a vice do presidenciável Geraldo Alckmin (PSDB). Após alguns dias de indecisão e mágoa, restou a Heinze, como saída honrosa arranjada pelo PP, disputar vaga ao Senado.
A eleição para o Senado como o mais votado no Rio Grande do Sul mostra que as pesquisas claramente subestimaram seu potencial de voto. Afinal, ele foi o deputado federal gaúcho mais votado do PP no último pleito. Tinha uma base sólida, alicerçada no voto dos produtores rurais — grandes, médios e pequenos. Trabalha em cima de renegociação de dívidas de agricultores e virou arauto contra invasões de terra. É também ferrenho opositor da demarcação de novas áreas indígenas.
Heinze soube surfar na guinada do Brasil à direita. Em sintonia com seus eleitores, declarou apoio a Bolsonaro, à revelia da decisão do seu partido, que apoiava Alckmin, do PSDB. O eleitor parece não ter ligado para uma das frases mais famosas de Heinze, disparada em 2013 num evento, quando declarou que o governo Dilma abrigava quilombolas, gays, lésbicas, "tudo o que não presta". Ele chegou a responder dois processos por quebra de decoro parlamentar. Foi absolvido.
Paulo Paim, o que nunca perdeu eleição
Metalúrgico e sindicalista atuante na Central Única dos Trabalhadores (CUT), o caxiense Paulo Paim (PT), 68 anos, é senador desde 2002 e foi sem surpresas que conseguiu se eleger para o cargo pela terceira vez consecutiva. Ele nunca perdeu eleição que disputou. Começou na carreira parlamentar em 1986, eleito deputado federal. A base era o Sindicato dos Metalúrgicos de Canoas, que presidiu. A eleição também foi garantida após ele exercer os cargos de secretário-geral e vice-presidente nacional da CUT. Acabou reeleito à Câmara dos Deputados, sucessivamente ,em 1990, 1994 e 1998.
Disputou em 2002 a cadeira ao Senado e desde então se reelegeu, tendo sido o mais votado no último pleito de que participou, em 2010. Paim tem uma carreira voltada para questões trabalhistas e previdenciárias. Foi o autor do projeto de lei, apresentado em 1997, que criou o Estatuto do Idoso. São também de sua autoria os projetos de lei que instituem o Estatuto da Igualdade Racial e o fim do fator previdenciário, ambos ainda em discussão no Congresso Nacional. É co-autor do projeto que resultou no Estatuto da Pessoa com Deficiência.
Paim é também um dos grandes defensores de incrementos no salário mínimo. Neste pleito ele calcou suas propostas na luta contra a reforma trabalhista e na amenização das propostas de reforma previdenciária.
Um dos grandes puxadores de voto do PT gaúcho, Paim se notabiliza por voos solo no partido. São poucas suas aparições em companhia de governadores ou candidatos a prefeito, tendo se acostumado a fazer campanha sozinho.