Mal saboreou a vitória nas urnas e a dois meses da posse, o governador eleito Eduardo Leite (PSDB) enfrenta seu primeiro desafio político. A Assembleia Legislativa está prestes a votar reajustes ao funcionalismo que aumentam os gastos públicos em R$ 132 milhões ao ano. A título de comparação, as nove fundações, uma autarquia e uma companhia extintas no plano de ajuste fiscal do governo Sartori custavam R$ 146 milhões anuais.
A pedido da bancada do PSDB, os deputados suspenderam a ordem do dia nesta terça-feira (30), adiando para a semana que vem a votação dos projetos que beneficiam servidores de Tribunal de Justiça, Ministério Público, Tribunal de Contas e Defensoria Pública.
Leite discutiu o assunto nesta terça-feira (30) com líderes do partido, mas a definição só deve ocorrer na quinta-feira (1). O tucano embarcaria para São Paulo no final desta terça-feira e retornaria na quarta-feira (31) à noite. Na manhã seguinte, às 8h30min, Leite reúne-se com seu conselho político, formado pelos partidos da coligação vencedora. A ideia é aproveitar o encontro para discutir a posição nas votações da semana que vem.
- Queremos construir um consenso. O ideal seria que todos os partidos votassem da mesma forma. Estamos buscando os estudos sobre os projetos e o impacto financeiro - afirma Valdir Bonatto, presidente interino do PSDB e um dos coordenadores da campanha.
As propostas preveem reposição de 5,58% e contemplam as categorias mais bem remuneradas do funcionalismo. Já os servidores do Executivo não recebem aumento desde 2014, à exceção do setor da segurança, cuja recomposição salarial foi aprovada no governo passado e se estendeu até 2018. Sartori é contrário aos reajustes dos demais poderes e vinha adiando a votação. A oposição, porém, argumenta que os orçamentos dos poderes são independentes e que os servidores enfrentam defasagem salarial.
Para as próximas semanas, Leite deverá enfrentar outro projeto semelhante, desta vez reajustando os salários dos servidores do próprio Legislativo. Até o final do ano, há ainda a ideia quase consensual entre os deputados de aprovar a automaticidade do reajuste salarial para Judiciário, Ministério Público, Tribunal de Contas e Defensoria Pública. A medida é reivindicação antiga, mas há tempos mantida em banho-maria. Se aprovada, toda vez que os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) ganharem aumento, o mesmo percentual será repassado para integrantes dos poderes no Estado.
Na segunda-feira, Leite deve ter a primeira audiência com o governador José Ivo Sartori, às 15h, no Palácio Piratini. O encontro servirá para oficializar a transição entre as gestões. A equipe de Leite ficará lotada no Centro de Treinamento da Procergs, na zona sul da Capital. Ainda não foi decidido qual o tamanho da equipe de transição e quem irá chefiá-la.