Menos de 24 horas depois de ter seu nome confirmado no segundo turno das eleições presidenciais, o candidato Fernando Haddad (PT) decidiu começar a segunda-feira (8) com uma visita ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), preso em Curitiba (PR). O ex-ministro da Educação irá discutir com o padrinho político os próximos passos da campanha e a estratégia a ser adotada a partir de agora para derrotar o adversário Jair Bolsonaro (PSL), em uma das eleições mais desafiadoras da história recente do PT.
Conforme a assessoria de imprensa do partido, Haddad concederá entrevista coletiva nas proximidades da Vigília Luva Livre, perto da sede da Polícia Federal na capital paranaense, às 11h30min desta segunda-feira. Além disso, ele deve iniciar nesta segunda-feira a costura de alianças com concorrentes de outros partidos, a começar por Ciro Gomes (PDT) e Guilherme Boulos (PSOL), que já sinalizaram a decisão de apoiá-lo. Marina Silva (Rede), Henrique Meirelles (MDB) e até Geraldo Alckmin (PSDB) estão no radar do candidato — no caso do tucano, isso ainda não é consenso no partido.
Haddad terminou o primeiro turno com 29,2% dos votos válidos, contra 46% de Bolsonaro, que por pouco não encerrou o pleito com êxito no domingo (7). Nos bastidores, uma ala do PT vem defendendo uma mudança nos rumos na campanha para atrair votos de eleitores que discordam de Bolsonaro, mas que têm restrições ao petista. Isso incluiria uma guinada ao centro e a "suavização" da imagem de Haddad enquanto homem de diálogo e de família.
Estrategista de habilidade reconhecida, Lula, que acompanhou a apuração dos votos pela TV, de sua cela na PF, dará a palavra final. Foi ele quem, desde o início da campanha, delineou os caminhos da candidatura de Haddad, de dentro do cárcere.
O professor universitário também quer discutir com o ex-presidente qual deve ser a forma de tratamento relegada a Bolsonaro a partir de agora. Na cúpula petista, há quem defenda uma postura mais firme e dura em relação ao rival e há uma parcela mais inclinada a evitar o confronto.
À tarde, Haddad deve retornar a São Paulo e se reunir com a coordenação de campanha para fazer um balanço do primeiro turno e tratar dos temas debatidos com Lula. A avaliação é de que os próximos dias serão decisivos para conter a escalada de Bolsonaro.