Se na campanha do PSL a polêmica é focada na personalidade de Paulo Guedes e na estabilidade de sua relação com Jair Bolsonaro, na de Fernando Haddad (PT) está diluída em vários personagens, mas não é menor. Em vez de apenas um coordenador, o petista apontado como “poste”, por ter sido indicado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, tem uma espécie de colegiado.
Ex-ministro da Fazenda de Dilma Rousseff, Nelson Barbosa era o participante considerado mais palatável do ponto de vista empresarial e de mercado. Compunha o grupo até se desentender com outro ex-integrante dos governos petistas, o gaúcho Márcio Pochmann (foto), que presidiu o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) por quase uma década. Seguem no grupo Guilherme Mello, jovem formado pela Unicamp, e Luiz Gonzaga Belluzzo, um dos cérebros dos planos de estabilização do governo Sarney (Cruzado e Cruzado 2).
Há rumores sobre a disposição de Haddad de indicar um moderado comprometido com o ajuste fiscal logo na largada do segundo turno, mas um dos cogitados, Samuel Pessôa, desembarcou da empreitada. Respaldou, em artigo publicado na Folha de S.Paulo de domingo, críticas a um cálculo de Pochmann. A tese do petista era de que seria possível eliminar o déficit primário nas contas públicas com a cobrança de 1% sobre grandes fortunas. Pessôa respaldou a crítica feita pelo colega Alexandre Schwartsman ao cálculo, que não chegaria a 10% da soma anunciada. O desafio de Haddad será encontrar um nome que reduza a rejeição no empresariado e na academia.