Apoiadores de Jair Bolsonaro (PSL) voltaram a realizar um ato junto ao Parque Moinhos de Vento, em Porto Alegre, na tarde deste domingo (21). Caminhões de som bloquearam totalmente as duas pistas da Avenida Goethe, que foi ocupada pelos manifestantes. Ataques ao PT, insinuações sobre fraudes nas urnas eletrônicas e contestações à acusação de caixa 2 na campanha de Bolsonaro deram a tônica dos discursos.
A investigação aberta pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para apurar se empresários pagaram para impulsionar no WhatsApp notícias falsas contra Fernando Haddad (PT), o que configuraria crime eleitoral, foi tratada em tom de zombaria.
— Tu aí, estás usando WhatsApp? Não pode! É caixa dois — dizia o animador, do alto do caminhão de som.
Com uma caixa de papelão ao redor da cintura, como se fosse um saiote, a psicóloga Verônica Gonçalves, 35 anos, posava para fotos posicionando as mãos como se fossem pistolas, uma marca registrada do seu candidato à Presidência. O que significava o traje?
— Entrei na caixa para fazer uma ironia. A ideia é que nós todos somos caixas 2 do Bolsonaro. Não existe essa compra de disparos no WhatsApp — defendeu.
Verônica se define como conservadora, diz que apoia Bolsonaro há seis anos e acredita que ele não deve participar de debates. Ela comentou as posições de seu candidato em relação aos homossexuais.
— Um dia, ele disse que não queria que um filho dele fosse gay. Para amigos que são pró-Haddad, eu digo: "Teu pai gostaria de ter um filho gay?". Bolsonaro tem mais ou menos 65 anos. Para a geração dessas pessoas, é difícil lidar com isso — afirmou Verônica.
O agente de segurança federal Jessé Sangalli, 31 anos, considera que nessa área seu candidato é "retrógrado":
— Apesar desse pensamento retrógrado, que é prejudicial, para falar a verdade, porque bem ou mal acaba incitando algum tipo de ódio e de violência contra minorias, eu prefiro isso do que a gente correr o risco de manter o aparelhamento de instituições e o derretimento do seu poder legal.
No caminhão de som, revezavam-se apoiadores. Paula Cassol, que foi candidata a deputada federal pelo PP mas não se elegeu, afirmou que "o Facebook está em conluio com o PT" e garantiu que "vai ter zapzap, sim". O candidato à reeleição ao governo do Estado José Ivo Sartori (MDB), que neste segundo turno associa sua imagem à do presidenciável do PSL, também esteve presente e discursou. Marcel Van Hattem, que conquistou uma vaga na Câmara pelo Novo, defendeu que "tem de privatizar tudo". Eleito senador pelo PP, Luis Carlos Heinze anunciou:
— De primeiro de janeiro em diante, muita gente importante irá para a cadeia, para que possamos limpar o Estado e o país.
Ele foi sucedido por um menino de 10 anos, que discursou:
— Não podemos mais deixar esses corruptos dominarem nosso Brasil.