No terceiro bloco do debate derradeiro dos candidatos à Presidência da República, realizado nesta quinta-feira (4), na Rede Globo, a candidata Marina Silva (Rede) alfinetou Jair Bolsonaro (PSL) antes de questionar Fernando Haddad (PT):
— Eu ia fazer essa pergunta para o candidato Jair Bolsonaro, mas ele mais uma vez amarelou, deu uma entrevista para a Record e não veio para o debate.
Então, a candidata questionou o petista sobre a autocrítica do PT e sobre a polarização eleitoral que vive o país. Haddad defendeu o ex-presidente Lula:
— Quando falam que o Lula é radical e dividiu o país... Quando isso? Ele abriu as portas do Planalto para os mais pobres. Quero reabrir o Palácio do Planalto para os brasileiros, principalmente para os que mais precisam.
Marina discordou:
— É lamentável que você não reconheça nenhum de seus erros. O bolsa empresário foi 5% do PIB. O bolsa-família, 0,5%. Você poderia reconhecer erros, pedir desculpas, mas você não faz. O Brasil está a beira de ir para o esgarçamento entre a sua candidatura e a de Bolsonaro. Temos que pensar em um projeto de país, não de poder.
Haddad insistiu:
— Como Ministro da Educação, trabalhei 18 horas por dia para abrir as portas das universidades para os mais pobres. Tenho ética, tenho uma história sem nenhum reparo. Não tem nada na minha vida que não seja produzir o bem.
Henrique Meirelles (MDB) perguntou a Ciro Gomes (PDT) sobre a falta de creches no Brasil. O candidato do PDT ressaltou:
— Com 13 milhões de desempregados e 30 milhões na informalidade, é preciso garantir que as crianças estejam protegidas e alimentadas para que a mulher brasileira vá à luta. Não está fácil para ninguém.
Ciro ainda defendeu a criação de creches em tempo integral, enquanto Meirelles falou do Pró-Criança, programa que pretende implementar caso seja eleito.
Em seguida, foi a vez de Guilherme Boulos (PSOL) fazer sua pergunta a Meirelles, mas antes fez uma brincadeira:
— Mas não vou chamar o Meirelles, vou taxá-lo.
Boulos questionou Meirelles sobre como ele vai combater a corrupção se pertence ao mesmo grupo do presidente Michel Temer. O candidato do MDB, partido de Temer, alfinetou o presidenciável do PSOL:
— Essa história de trabalhar pode parecer estranho para você. Sou um candidato independente. Por quê? Não devo nada a ninguém. Fui convidado e trabalhei para Lula e Temer. Trabalhei para os governos que me deram oportunidade de trabalhar pelo país. Divido o país em quem trabalha e quem não trabalha.
Boulos contra-atacou:
— Você falar em trabalho é algo muito estranho. Você é banqueiro, banqueiro não trabalha. Você falar em trabalho me parece algo ainda mais estranho. Você deveria falar em desemprego, não em trabalho. É mais a sua cara.
Ciro e Meirelles fizeram uma tabelinha relatando a ausência de Bolsonaro.
— Se alguém foge do debate e só vai dar entrevista em uma condição amigável, não está preparado para administrar o país – apontou Meirelles.
Ciro cobrou mais uma vez a presença do candidato líder nas pesquisas e questionou:
— Me assusta uma equipe de três pessoas, Bolsonaro, Mourão e Paulo Guedes, brigando a dias da eleição. Você imagina que isso vai dar certo?
— Não — respondeu Meirelles, arrancando risos do público.
Depois, foi a vez de Alvaro Dias (Podemos) perguntar a Geraldo Alckmin (PSDB). Alvaro aproveitou para atacar o governo petista, classificando-o como "medalha de ouro na olimpíada da mentira". O tucano foi no embalo:
— Tivemos a experiência do PT e o resultado foram 13 milhões de desempregados e criminalidade nas alturas. Mas o caminho também não é o radical de direita, que diz que saúde não precisa de mais dinheiro, que quer imposto novo e não tem sensibilidade com mulheres.
— Há uma associação entre o sistema financeiro com mão grande e parte da política que apodreceu. Nesse conluio, o governo enche as burras dos banqueiros de dinheiro — concluiu Álvaro.
Ainda no bloco, Haddad questionou Boulos sobre a atual situação do Ensino Médio no Brasil. O candidato do PSOL lamentou a situação da educação no país e prometeu wi-fi em todas as escolas e salário digno para os professores.
— A reforma de Temer é uma reforma que tira o pensamento crítico — disse Boulos, que ressaltou que as escolas precisam debater questões de gênero, diversidade sexual e racismo.
Haddad discursou sobre ações do governo petista na área da educação:
– Demos 2 milhões de bolsas para o ProUni. Mas temos um gargalo no Ensino Médio que precisa ser corrigido. As melhores escolas são as públicas federais, que eu inaugurei 14. Nossa proposta é que essas escolas sejam padrão nos Estados.
Por sua vez, Boulos defendeu a criação de mais vagas nas universidades públicas e arrematou:
— Eu ando com sem-teto, ando com sem-terra, só não ando com sem-vergonha.