Os ministérios da Agricultura e Meio Ambiente serão fundidos no governo do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL), assim como as pastas da Fazenda, do Planejamento e da Indústria e Comércio - formando este último o superministério da Economia. A decisão foi anunciada hoje (30), após reunião na casa do empresário Paulo Marinho, no Rio de Janeiro.
O coordenador de economia da campanha de Bolsonaro, Paulo Guedes, apontado como futuro ministro da Economia, confirmou a criação do superministério, enquanto o deputado federal Onyx Lorenzoni (DEM-RS), indicado para Casa Civil, reiterou sobre a fusão do Meio Ambiente com a Agricultura.
Guedes e Onyx conversaram com os jornalistas após reunião, onde trataram sobre a formatação do governo e o início dos trabalhos da transição. Nesta quarta-feira (31) Onyx deverá ir a Brasília para se reunir com o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, que coordena a equipe de transição do governo Temer.
Não houve recuo, diz Onyx
A questão de unificar ministérios estava sendo reavaliada por Bolsonaro durante a campanha.
— O presidente não recuou em nada. Ele sempre disse que, assim como tem experiência em alguns Estados, como Mato Grosso, Agricultura e Meio Ambiente ficarão juntos — disse Onyx Lorenzoni. Um dos ministros já anunciados, o economista Paulo Guedes, comentou a proposta de criação de um superministério da Economia.
— No programa, os três já estavam juntos — disse o economista.
Braço direito de Bolsonaro, o ex-presidente do PSL, Gustavo Bebianno, disse que as conversas do núcleo duro do novo governo não chegaram às indicações para estatais. Ele disse que houve um significativo avanço, e cerca de 80% dos ministérios foram decididos na reunião desta terça.
— Hoje, já foram decididos alguns dos nomes. Por uma questão estratégica, nós vamos divulgar os nomes um pouquinho mais para frente — completou.
Onyx também ressaltou que será um governo "de absoluta união" e que irá trabalhar em sintonia. O deputado informou que Bolsonaro deve ir na próxima terça-feira a Brasília para começar a transição.
— O presidente já tem uma lista de nomes (de ministros) e está fazendo a definição final. Acredito que nos próximos dias Bolsonaro deva liberar mais alguns nomes. Na segunda-feira, o presidente, depois de tomar decisão, vai nos permitir divulgar toda a estrutura —declarou.
Redução de ministérios
Onyx afirmou que o objetivo é reduzir de 29 ministérios para 15 ou 16. Guedes acrescentou que a junção das pastas é importante para dar agilidade às decisões.
— Nós vamos salvar a indústria brasileira. Está havendo uma desindustrialização há mais de 30 anos. Nós vamos salvar a indústria brasileira, apesar dos industriais brasileiros — disse Guedes.
Guedes disse que o governo pretende simplificar e reduzir drasticamente o número de impostos:
— Será uma abertura gradual. E a razão do Ministério da Indústria e Comércio estar próximo da Economia é para justamente existir uma mesma orientação econômica em tudo isso. Não adianta a turma da Receita ir baixando os impostos devagar e a turma do Ministério da Indústria e Comércio abrir muito rápido. Isso tudo tem que ser sincronizado, com uma orientação única.
Previdência
Ambos confirmaram também que o próprio presidente eleito que vai conduzir a discussão sobre a reforma da Previdência.
— (Sobre) A reforma da Previdência, quem comanda essa decisão é o presidente. O professor Paulo Guedes e toda equipe estão conversando com o presidente, que vai nos sinalizar —disse Onyx.
Nesta segunda-feira (29), Bolsonaro, em entrevistas a emissoras de televisão, afirmou que pretende ir a Brasília na próxima semana, quando se reunirá com o presidente Michel Temer, e também pretende agilizar o debate sobre a reforma da Previdência.
Para Guedes, quanto mais rápido o processo avançar, melhor.
— Do ponto de vista econômico, quanto mais rápido melhor. Nós estamos atrasados, essa reforma podia ter sido feita lá atrás. Agora, existe um cálculo político — observou.
Em seguida, o futuro ministro da Economia acrescentou:
— Acho que, na parte econômica, nós devemos avançar o mais rápido possível. O nosso Onyx, corretamente, não quer que uma vitória nas urnas se transforme em uma confusão no Congresso.