O general Hamilton Mourão (PRTB), candidato a vice na chapa de Jair Bolsonaro (PSL), comentou nesta terça-feira (18), durante palestra na Associação Comercial de São Paulo (ACSP), a declaração na qual ligou famílias pobres "onde não há pai e avô, mas sim mãe e avó" a uma "fábrica de desajustados", que fornecem mão de obra ao narcotráfico.
— Um órgão de imprensa disse que critiquei as mulheres, estou apenas fazendo a constatação de coisas que ocorrem em comunidades carentes, com famílias lideradas por mães e avós, pois o homem ou morreu ou está preso, e a maioria dessas mulheres são trabalhadoras, cozinheiras, faxineiras e não tem com quem deixar seus filhos porque não tem creche e escola de tempo integral, então, essa criança vira presa fácil do narcotráfico — declarou.
Voto impresso
Mourão defendeu que o Brasil tenha o voto impresso, ainda que no futuro. Ao ser questionado sobre o assunto, ele afirmou que a "urna eletrônica terá que ter, em algum momento, um mecanismo que imprima o voto".
Mourão comparou o sistema ao dos bancos.
— Quando vamos ao banco, não temos um comprovante impresso? É a mesma coisa — afirmou, dizendo que, sem a impressão do voto, ficará pairando "para sempre essa desconfiança".
No último domingo, Jair Bolsonaro apontou a "possibilidade de fraude" nas próximas eleições. Em transmissão ao vivo nas redes sociais, o candidato disse que as eleições de outubro podem resultar em uma "fraude" por causa da ausência do voto impresso.
— A grande preocupação realmente não é perder no voto, é perder na fraude. Então essa possibilidade de fraude no segundo turno, talvez até no primeiro, é concreta — declarou Bolsonaro, que lidera as pesquisas de intenção de voto para o primeiro turno e vê risco de derrota em cenários de segundo turno.
Na segunda, Mourão já havia amenizado a fala do presidenciável. O general afirmou que é preciso "relevar" as últimas declarações do capitão reformado.
Segundo Mourão, os comentários de Bolsonaro foram feitos por um homem que "praticamente morreu".
— Vocês têm que relevar um homem que quase morreu há uma semana, fez duas cirurgias — disse o general a jornalistas, após participar de um evento em São Paulo.
Na palestra que durou cerca de uma hora, o general, sem citar nominalmente Fernando Haddad, cabeça de chapa do PT nessas eleições presidenciais, criticou o adversário em mais de uma ocasião.
Segundo Mourão, o petista disse que vai implantar, se eleito, reformas como a previdenciária, fiscal e tributária.
— Ele deve ter copiado (as propostas) de Bolsonaro — ironizou, destacando que nos governos desse partido, isso jamais foi privilegiado.
Em outro trecho da palestra, Mourão disse querer ver, na prática, como o outro candidato (Haddad) vai cortar os gastos públicos se o modus operandi de seu partido é colocar na máquina pública os apadrinhados.
Numa resposta às críticas que suas declarações provocam, como a de uma nova constituinte sem a participação obrigatória de pessoas eleitas pela população, Mourão se disse democrático.
— Não sou antidemocrático, se fosse não estaria disputando essas eleições, estaria em casa limpando as minhas armas — afirmou.
Na palestra, ele citou ainda a prioridade, em um eventual governo de Jair Bolsonaro, da urgência de se colocar em execução da reforma da Previdência.
— Estamos nos aposentando cedo demais, expectativa de vida aumentou mais 20 anos — emendou.