A economia se tornou um dos principais temas da campanha à Presidência da República. GaúchaZH selecionou as três principais propostas ou promessas dos cinco candidatos mais bem colocados nas pesquisas eleitorais – Jair Bolsonaro (PSL), Marina Silva (Rede), Ciro Gomes (PDT), Geraldo Alckmin (PSDB) e Fernando Haddad (PT).
Os pontos foram submetidos à análise de economistas de diferentes linhas de pensamento, para averiguar aspectos positivos, negativos e possíveis dificuldades de implementação. Apesar de a campanha estar em pleno andamento, a maior parte das ideias ainda é apresentada de forma genérica, sem detalhes de como poderão ser colocadas em prática.
Confira as propostas de Ciro Gomes:
1) Acabar com o déficit primário em dois anos
O pedetista diz ser possível alcançar a meta por meio de redução de isenções fiscais, taxação sobre heranças e doações, e criação de tributo com alíquota de 0,38% que incidiria sobre transações financeiras acima de R$ 5 mil mensais. Para a professora de economia Juliana Inhasz, do Insper, a promessa, se fosse cumprida, traria o benefício de diminuir rapidamente o endividamento público, o que ajudaria na manutenção dos juros em patamar baixo, estimularia o crescimento da economia nos anos seguintes e permitiria que o governo voltasse a fazer mais gastos sem aumentar o endividamento. Para ser factível em prazo considerado curto, no entanto, traz o risco de efeito recessivo em um primeiro momento pelo aumento de carga tributária e redução de isenções fiscais. Assim, seria improvável obter sucesso neste período de dois anos, entende a professora de economia.
2) Renegociar a dívida de quem está com nome sujo
Valeria para quem estava nesta condição até 20 de julho, data em que o pedetista anunciou a proposta. Seria feita por meio de uma negociação coletiva forçada pelo governo federal para reduzir especialmente o montante da dívida relacionado a juros. Quem aderir à negociação terá o nome retirado do cadastro negativo. Defende uma espécie de aval solidário, com a divisão de grupos de pessoas (de cinco a 10 devedores).
Se uma não paga o acertado na renegociação, as outras se responsabilizariam. Para o professor do Instituto de Economia da Unicamp, Fernando Nogueira da Costa, a proposta ataca efeitos, e não causas. Como a maior parte dos inadimplentes está desempregada, teria dificuldades de pagar as dívidas, de qualquer forma, se não recuperarem o emprego. A proposta também tem implementação considerada complexa.
3) Reforma da Previdência com capitalização
O modelo atual de repartição (em que trabalhadores da ativa pagam os benefícios dos que se aposentam) continuaria existindo, mas seria introduzido também o regime de capitalização, com as contribuições aplicadas em um fundo, cuja rentabilidade garantiria o pagamento da aposentadorias de quem aderiu, no futuro. A professora de economia Juliana Inhasz, do Insper, considera o sistema de capitalização mais justo para quem está arrecadando hoje e também contornaria o descompasso existente hoje entre aposentados e contribuintes. Ela pondera que não está explicado como resolver o déficit atual e o problema do financiamento dos benefícios de quem está aposentado. Lembra ainda que esta proposta foi apresentada e rejeitada há cerca de 10 anos e, assim, considera que existe resistência à alternativa.