Recebido por simpatizantes, o candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL) aproveitou a passagem pela Expointer nesta quarta-feira (29) para reafirmar as posições que o colocam à frente nas pesquisas nos cenários sem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Do cântico de militantes no saguão do aeroporto Salgado Filho ao empurra-empurra em busca de uma selfie na Expointer, o candidato foi festejado por onde passou. Confiante, disparou:
— Não vai ter segundo turno.
O ápice da agenda ocorreu na feira do agronegócio, setor que representa parte considerável da base do eleitorado de Bolsonaro. Por mais de duas horas, o militar reuniu-se com lideranças da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul). Enquanto transcorria o almoço a portas fechadas, apoiadores o aguardavam do lado de fora em meio ao ar abafado. Ansiosos, precisaram ser contidos pelos seguranças da entidade e do próprio candidato e barrados pelo reforço de gradis.
– Mito! Mito! Mito! – repetiam os militantes.
Ao fim do encontro, Bolsonaro atendeu a imprensa durante quatro minutos. Defendeu o armamento da população, classificou os sem-terra de terroristas e disse que “sobreviveu” à dura entrevista ao Jornal Nacional.
– Um elemento, cometendo um ilícito, caso venha a ser abatido, quem o abateu não pode ser processado, nem ir para tribunal de júri. Nós defendemos a legítima defesa à vida e à propriedade – afirmou.
Em um palco improvisado, Bolsonaro acenou ao público e emendou um breve discurso.
– Quero aqui agradecer o Fernando Henrique Cardoso, que disse que no segundo turno se unirá com o PT para me derrotar. Continua sua marcha para liberar a maconha, porque não haverá segundo turno – repetiu.
O encontro na Farsul expôs o racha no PP gaúcho. Candidato ao Senado pela legenda, Luiz Carlos Heinze sentou à mesa com Bolsonaro no encontro. No dia anterior, durante a passagem de Geraldo Alckmin (PSDB) com sua vice, Ana Amélia Lemos (PP), pela entidade, Heinze chegou somente no fim do evento.
Simpático às candidaturas de Alckmin e Bolsonaro, o presidente da Farsul, Gedeão Pereira, mostrou-se impressionado com o engajamento do capitão na Expointer. Há 20 anos envolvido na entidade, que, tradicionalmente, recebe concorrentes ao Planalto durante a feira, garantiu que nunca assistira a tamanha movimentação.
– E olha que na última eleição recebemos Dilma Rousseff, Aécio Neves e Marina da Silva – disse Pereira.
De fato, a torcida de Bolsonaro estava espalhada pelo parque. Cercado por mais de uma dezena de seguranças, caminhou durante meia hora pelos pavilhões. Por onde passou, paralisou o que acontecia.
– Consegui uma foto! Eu sei que ele vai ser a mudança para o Brasil – comemorou um adolescente santa-mariense de 14 anos depois de abraçar o candidato.
– Cara, o mito tá aqui! – vibrou um rapaz vestido de gaudério em um áudio enviado pelo celular.
Aos desavisados surpreendidos pela movimentação, a notícia da visita espalhou-se rapidamente.
– Quem tá aí? – perguntou um homem em um estande de máquinas agrícolas.
– O Bolsonaro. Tá ali trepado na ceifa – respondeu um dos atendentes.
De celular em punho, mais um simpatizante saiu em busca de uma imagem para chamar de sua. Do alto do maquinário verde-bandeira, o candidato sorria.