O candidato Jair Bolsonaro (PSL) participou de um evento da revista Voto durante agenda em Porto Alegre, nesta quarta-feira (29). Em coletiva de imprensa, o postulante ao Planalto respondeu a perguntas sobre preconceito, desigualdade de gênero, homofobia e segurança pública. Ao ser questionado sobre a qualidade do sistema prisional, o deputado federal pelo Rio de Janeiro afirmou que sabe das condições precárias dentro dos presídios, mas prefere que "a vida do marginal seja um inferno do que a do cidadão de bem."
— Eu estou preocupado é em como o vagabundo, antes de ser preso, trata a população aqui fora. Quem não tem um parente que foi estuprado, sequestrado ou executado? Eu sei que a cadeia é a sala do inferno. E quem se preocupa com sua integridade física não vai para lá porque o bicho pega. Não quero que ninguém sofra dentro das cadeias — respondeu Bolsonaro, acrescentando:
— Mas se o Brasil não tiver recursos para novas penitenciárias, se depender de mim, vamos encher aquele negócio lá. Igual coração de mãe: sempre cabe mais um, sem problema nenhum. Entre estar o marginal aqui fora, deixa ele devidamente acomodado lá no presídio.
Outro tema abordado na coletiva foram as cotas raciais em instituições de ensino, das quais o candidato se disse contra.
— 70% das cotas raciais agradam e atendem o afrodescendente bem de vida financeiramente. Temos de botar a cota social, que vai inverter isso daí. Você vai atingir e beneficiar 70% dos negros pobres.
Bolsonaro aproveitou o gancho para rebater a acusação de que é racista.
— Pode militar do Exército ser racista? Acho que mais da metade do pessoal lá dentro é negão ou mulato, p**** — afirmou Bolsonaro.
Uma das bandeiras de campanha de Bolsonaro, a revisão do estatuto do desarmamento, não ficou de fora em sua fala. Sobrou até para a concorrente Marina Silva (Rede).
— Olha só a Marina Silva: ela deu uma entrevista para a revista Marie Claire agora de março. Foi perguntado a ela se sofreu alguma violência sexual na infância. E ela disse que não porque 'eu e minhas irmãs menores usávamos uma espingarda'. Agora ela mudou de ideia. Ela como evangélica tem de ter posição em alguns assuntos. Olha o aborto! Ela lava as mãos, deu uma de Pilatos, vai para o plebiscito.
O candidato também foi indagado sobre ser considerado o Donald Trump do Brasil e disse estar satisfeito com a comparação. Isso porque concorda com a política migratória do presidente norte-americano.
— Ele está fazendo a América grande. Até brasileiros com quem tenho conversado lá estão felizes com ele. Ele resgatou o emprego, fechou as fronteiras. Temos um país sem fronteiras, pode entrar quem bem entender aqui. E com mais direito do que nós que somos brasileiros.
Bolsonaro ainda brincou sobre seu julgamento por racismo no Supremo Tribunal Federal, que teve sessão adiada na última terça-feira (28) por um pedido de vistas do ministro de Alexandre Moraes:
— Quebraram meu galho, pediram vista. Muito obrigado.