O PSOL confirmou neste sábado (21), em São Paulo, o nome do líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos, como candidato à Presidência da República, para as eleições 2018. A chapa será composta pela líder indígena, Sônia Guajajara, que foi escolhida como vice.
Nas últimas semanas, Boulos se aproximou do PT em busca de apoio. PSOL estaria de olho no apoio do partido caso o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva seja impugnado pela Justiça Eleitoral.
Boulos disse que, se eleito, seu primeiro compromisso será anular atos do governo do presidente Michel Temer. Entre as medidas a serem revogadas, ele citou a reforma trabalhista, o regime fiscal que estabeleceu um teto aos gastos públicos e as concessões de áreas de exploração de petróleo a grupos estrangeiros. São medidas que, segundo ele, fazem parte de uma agenda não escolhida pelo povo e que foi implementada pelo o que chamou de "quadrilha" comandada por Temer.
Em seu primeiro discurso como candidato do PSOL, Boulos disse que a campanha não terá medo de defender temas como a legalização do aborto. Aclamado pelos militantes como o "presidente que faz ocupação", adiantou ainda que seu programa de governo inclui a desapropriação de prédios abandonados e a reforma agrária.
– O trabalhador pode morar em lugar bom também, e tem direito – disse.
Boulos sustentou ainda que sua campanha não aceita a prisão, que classificou como política, do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Numa declaração que remete ao discurso que marcou a vitória de Lula na eleição presidencial de 2002, quando o petista disse que "a esperança venceu o medo", o candidato do PSOL afirmou que a mensagem transmitida por sua campanha tem sido capaz de despertar a esperança de pessoas que não viam mais alternativa na política.
– Não se avança em direitos sociais sem enfrentar privilégios do 1%, parcela mais rica da população. Nossa candidatura tem lado, e é o lado dos 99% – declarou Boulos.
Além de Erundina, os deputados Chico Alencar e Ivan Valente, assim como o deputado estadual Marcelo Freixo, estavam entre as lideranças do PSOL que participaram do ato, acompanhado também por sindicalistas e lideranças de movimentos sociais e indígenas. Os discursos proferidos no evento foram marcados por críticas à agenda reformista e ao "genocídio da população negra" por forças policiais, passando por temas como o desmatamento, bem como a defesa de bandeiras como a taxação de fortunas.
Quase todos lembraram também de Marielle Franco, vereadora do PSOL assinada a tiros na região central do Rio de Janeiro em março, junto com o motorista Anderson Pedro Mathias Gomes. Após quatro meses de investigação, a polícia ainda não chegou aos responsáveis pelo crime. Em homenagem à vereadora, girassóis foram distribuídos aos presentes.
Centrão
A aliança do pré-candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, com partidos do chamado "Centrão" foi alvo de ataques dos deputados Chico Alencar e Ivan Valente. O primeiro acusou os tucanos de fazerem aliança com quem chamavam antes de "bandidos".
Já Valente atacou o que chamou de "obsceno contorcionismo político" feito por Alckmin e disse que o partido do ex-governador ajudou a viabilizar a "agenda mais retrógrada de todos os tempos", referindo-se às medidas do governo Temer que tiveram apoio tucano no Congresso, como a reforma trabalhista.
Ao abordar o tema sem mencionar o nome de Alckmin, Boulos disse que o Centrão é a "turma do ex-deputado Eduardo Cunha", ex-presidente da Câmara.
– É a turma do "toma lá, dá cá", do balcão de negócios ... Não vamos negociar nenhum dos nossos princípios.