"Essência é buscar a unidade." Esse é o recado que Edson da Rosa (Republicanos), 60 anos, dá para o Legislativo caxiense. Eleito pela quinta vez como vereador em 2024, depois de ficar quatro anos sem concorrer a uma cadeira na Câmara de Caxias do Sul, já que em 2020 foi vice na chapa de Edson Néspolo à prefeitura, o político retorna ao parlamento para contribuir com o conhecimento de mais de 20 anos na vida pública. Mesmo mais experiente, Edson não abre mão de pautas que são caras a ele e tornaram-se parte da própria trajetória, como a educação pública.
Foi a partir dela que Edson, inclusive, retornou à vida pública. Depois de quatro mandatos, sendo o primeiro em 2004 como o primeiro vereador negro a assumir em Caxias, e um pleito concorrendo ao Executivo, em 2020, o parlamentar estava um ano afastado da política quando foi convidado a entrar no Republicanos e, depois, chamado pela prefeitura para assumir a Secretaria da Educação em 2023.
— Sempre estive muito ligado à educação. A educação é um tema que me é muito caro porque acredito na transformação de vidas através dela. A educação permite e o poder público tem que criar condições para que as crianças, ao seu tempo, consigam desenvolver, ter seus objetivos cumpridos a partir do seu interesse. Essa é a grande discussão — destaca Edson, que vê as escolas como referências nas comunidades.
Antes da última gestão na pasta, Edson já tinha assumido a mesma função no segundo governo José Ivo Sartori, entre 2009 e 2011, além de atuar na comissão da educação na Câmara nos outros mandatos e já ter coordenado a Escola do Legislativo, da qual o vereador vê grande importância. Segundo Edson, é uma "forma de aproximar a comunidade da Câmara", dar o entendimento da função do Legislativo e também qualificar os profissionais que ali trabalham.
Mesmo que tenha ficado quatro anos afastado da Câmara, o parlamentar teve novas experiências, que expandem a visão dele para a próxima legislatura. Como conta, Edson seguiu "construindo pontes" com diferentes setores. Por exemplo, andou por ambientes como o setor empresarial, onde ouviu sobre a necessidade de leis visando segurança jurídica para os negócios, e teve ainda a atuação como diretor do Banco de Alimentos, em que viu como a segurança alimentar é um "braço social importantíssimo de Caxias".
São mais pautas que incorporam-se ao trabalho que Edson pretende buscar na Câmara — ele, inclusive, crava que fica como vereador e não assumirá nenhuma pasta no Executivo. Após as eleições, o parlamentar espera encontrar um ambiente de respeito e que seja motivado em fazer o melhor para Caxias, assim como Francisco Spiandorello e Geni Peteffi costumavam mostrar a ele.
— Eu lembro quando eu comecei na vida pública, lá em 2004. Óbvio que todos os 23 vereadores têm seus segmentos, seus interesses, mas o que tem que ser aquilo que interessa a todos nós é Caxias do Sul. Eu quero que o nosso município continue sendo referência como sempre foi. Caxias é referência no Rio Grande do Sul? No Brasil? Sim! Tenho orgulho de ser caxiense — exclamou o parlamentar.
Família é a base
Antes da vida pública, a base está na família. Como Edson brinca, frequenta a Igreja de Nossa Senhora Lourdes desde quando nasceu. Nascido e criado no bairro, o filho mais novo de cinco irmãos sempre teve uma ligação profunda com a comunidade e a religião, que marcaram etapas da vida dele. Uma delas, por exemplo, no grupo de jovens, onde conheceu a esposa Marivane, 56, ou no movimento Emaús, que o levou a concorrer pela primeira vez como vereador em 2000 pelo Movimento Democrático Brasileiro (MDB). A ideia do grupo era ter um representante comunitário no legislativo. A escolha pelo MDB, inclusive, foi motivada por referências como Pedro Simon, José Ivo Sartori e Gemano Rigotto. Foram 21 anos na sigla.
Nesse retorno, novamente a família que foi decisiva. A esposa e as três filhas, Jéssica, Sara e Isadora, foram as primeiras saber. A campanha teve o apoio delas e também de amigos. Edson conquistou 2.653 votos, que ele celebra ser "muito expressiva" para quem ficou quatro anos sem participar do pleito ao Legislativo.
A família também faz Edson refletir sobre o que busca nos próximos anos, estando ou não na Câmara:
— Agora com os meus 60 anos, nós sabemos, a régua do tempo começa a diminuir. Temos que valorizar aquilo que tem valor. Então, aquilo que tu podes contribuir. Tem uma música que a minha família diz que ela foi feita pelo padre Jorge Trevisol, em 2000. Ela diz o seguinte: "o que eu penso a respeito da vida é que um dia ela vai perguntar o que é que eu fiz com os meus sonhos e qual foi o meu jeito de amar? Para que eu não tenha vivido à toa e que não seja tarde demais". Eu preciso deixar um legado, sabe? Vir aqui não é só nascer, crescer e morrer. Tem que ter um propósito.
Propostas
Educação
"Formular leis e propor debates sobre a tecnologia na educação como ferramenta para o aprendizado inclusivo e eficiente de alunos e professores, além de legislar e promover debates sobre os desafios atuais dos professores, cuidadores e educadores no ambiente escolar, ou seja, cuidar de quem cuida".
Segurança alimentar
"Fortalecer a política de segurança alimentar e nutricional, por meio de programas como Banco de Alimentos, as hortas comunitárias e a agricultura familiar, garantindo que as pessoas tenham acesso a alimentos saudáveis".
Desburocratização e segurança jurídica
"Segurança jurídica, isso é de fundamental importância. Para dar a segurança necessária para quem está aqui ou para quem quer vir investir em Caxias do Sul. Fazer essa proposição da segurança jurídica e sustentabilidade. Para quem está aqui, quem quer investir. Tentar desburocratizar também a máquina pública, além de debater o plano diretor".
Quem é
Perfil: tem 60 anos, graduado em Ciências Contábeis e pós-graduado em Marketing
Trajetória: membro do movimento Emaús desde os anos 1980. Também serviu o Núcleo de Preparação de Oficiais da Reserva (NPOR) no 3º Grupo de Artilharia Antiaérea (3º GAAAe) por oito anos, tornando-se tenente temporário. Hoje, é capitão R2 (reserva não remunerada). Em 2004, foi o primeiro negro a ser eleito vereador em Caxias. Foi reeleito em 2008, 2012 e 2016 e presidente da Câmara em 2013. Foi secretário da Educação entre 2009 e 2011, e depois entre 2023 e 2024. Atuou ainda como diretor do Banco de Alimentos entre 2021 e 2022. Já dirigiu a Escola do Legislativo e presidiu a Comissão da Educação e a Comissão de Desenvolvimento Urbano, Transporte e Habitação.
Referências: Geni Peteffi, Francisco Spiandorello, Pedro Simon, José Ivo Sartori e Germano Rigotto
Pessoal: filho de Heraclydes Conceição da Rosa (in memoriam) e Erony José Theodoro da Rosa, 84 anos. Casado com Marivane Bonatto da Rosa, pai de Jéssica, 33, Sara, 26, e Isadora 23, e avô de Alice, 4.