Após a rejeição, por unanimidade de votos, da admissibilidade de um segundo pedido de cassação da presidente da Câmara de Vereadores de Caxias do Sul, Marisol Santos (PSDB), na sessão desta terça-feira (30/7), a vereadora diz que está sendo perseguida e que a situação está se tornando preocupante. Já o ex-vice-prefeito Ricardo Fabris, autor do pedido, diz que se a lei tivesse sido obedecida ainda em janeiro, no pedido de impeachment do prefeito Adiló Dinomenico, nada disso estaria acontecendo.
De acordo com a presidente Marisol Santos, o ex-vice está tentando “atacar” nesse período pré-eleitoral.
— Hoje eu tenho uma certeza de que essa questão recorrente, duas solicitações de cassação em duas semanas seguidas por motivos e argumentos que não entendo como reais, nem eu e nem a Casa (legislativa), porque o plenário arquivou as duas por unanimidade, é porque ele tem alguma outra motivação. Eu acredito que seja para me atacar nesse momento de pré-campanha ou algo nesse sentido, não gostaria de acreditar nisso, mas não tem outra possibilidade — comenta.
A presidente da Câmara também destacou que, em nenhum momento, quis impedir a tramitação do processo do mandado de segurança — que busca a anulação da sessão em que foi votada a admissibilidade do pedido de impeachment contra o prefeito Adiló Dinomenico.
— Nunca houve interesse, por parte da Casa, de impedir essa tramitação na Justiça. Ele (Fabris) tem todo o direito de fazer a solicitação pela nulidade daquela sessão, não era o nosso entendimento, e a gente tem tranquilidade nesse sentido, mas se a Justiça entender que isso deveria ter ocorrido e vier uma decisão judicial nesse sentido, aí a gente vai fazer uma outra avaliação. Mas nós nunca pretendemos parar. O próprio peticionamento foi só porque, como há uma decisão ainda não tomada, a gente achava que era importante não entrar outras ações nesse sentido, mas a Justiça interferiu e oquêi — explica.
Sobre a sessão em que foi votada a rejeição do segundo pedido de cassação, nesta terça-feira, Marisol relata que a situação já está se tornando preocupante.
— O resultado pelo arquivamento não me surpreende, mais uma vez a gente tinha a tranquilidade. Mas eu só fico bastante chateada quando eu vejo uma espécie de perseguição. Sei que isso não deve parar por aí e isso realmente me preocupa. Temos muito trabalho na Casa, com uma história que mostra a seriedade, não só a minha, mas a de todos os presidentes que já passaram por ela, de todos os vereadores que passam por ela. Então, colocar à prova o tempo inteiro não me parece algo correto — disse a presidente da Câmara.
O que diz o autor dos pedidos
Já o ex-vice Ricardo Fabris comentou, por meio de nota, que o caso poderia ter sido encerrado se a presidente tivesse colocado em pauta, novamente, a denúncia contra o prefeito Adiló.
— Sucessivas denúncias constituem desgaste político e são de difícil compreensão para a população em geral, que acaba relevando e acatando o discurso raso de “perseguição política” que políticos usam bem. Mas qual a alternativa, se não o indesejado silêncio? Tivesse a lei sido obedecida em 12 de janeiro, o assunto já teria sido resolvido. Mas isso não basta, é preciso desqualificar o denunciante, já que os fatos são reais. Tivesse a presidente bom-senso, fosse legalista, reconheceria desde logo a procedência do pedido e designaria de ofício nova sessão para leitura da denúncia, prevenindo o desgaste de ser intimada para fazer isso — ressalta.
Além disso, Fabris comenta que Marisol está usando uma narrativa de “perseguida” para conseguir votos nas eleições.
— Melhor ainda, investigaria o ocorrido, como lhe compete. Mas não. Melhor é ir às redes sociais lamentar-se, dizer-se perseguida e cativar a audiência sem censura, já aproveitando para acumular mais likes que se transformam em votos, em uma sociedade onde está cada vez mais difícil distinguir político de influenciador digital. Não satisfeita, ingressa nos autos judiciais tentando subverter a ordem processual e ali tenta desqualificar a pessoa do denunciante com falácias como “o Ministério Público se deixou levar pela retórica do denunciante”, “busca só promoção pessoal”, “deve se abster de denunciar sob pena de multa”, “deve desistir da denúncia sob pena de má-fé”… Onde vive essa gente que se diz representante do povo e que deveria fiscalizar o uso dos recursos públicos? — descreve.