Um protocolo de intenções foi assinado nesta segunda-feira (27) pela prefeitura de Caxias do Sul, em parceria com a Universidade de Caxias do Sul (UCS), para realizar estudos com o objetivo de preparar o município para eventos climáticos futuros e transformar Caxias numa "cidade resiliente". O trabalho pretende identificar as eventuais falhas e pontos críticos do município a partir de evidências científicas. A promessa é de que indicadores sejam validados até o dia 12 de junho, que serão usados para nortear planos de ação do Executivo na área ambiental.
A partir destas diretrizes, o trabalho se dividirá em três etapas, que poderão atuar ao mesmo tempo: pesquisa, capacitação e plataforma. Na primeira parte, será feita pesquisa de campo com agentes e pessoas envolvidas na calamidade para entender o que deu certo e o que deu errado. A capacitação, segundo a vice-prefeita Paula Ioris — que lidera o projeto junto à UCS —, é para obter uma "visão ampliada" de toda a situação. Já a chamada etapa de plataforma é quando os resultados obtidos serão analisados e poderão basear a tomada de decisão do poder público.
— Todos nós fizemos parte disso, ora como vítimas, ora como agentes que não cuidaram adequadamente, porque o aquecimento global não nasceu do dia pra noite. Então, como está a nossa emissão de carbono na cidade? Ela é boa? É ruim? A gente tem ações de prevenção? Vamos olhar para tudo isso, como a gente viveu esse momento e o que a gente precisa melhorar para ter impactos menores em outro desastre. Esses indicadores vão nos dar forças, fraquezas, pontos de melhoria. Onde precisar, nós temos que ter um plano de ação. Vale para encostas, para rios, e assim por diante — explica Paula.
Todo esse embasamento será feito a partir de um cruzamento de informações. Serão reunidos prognósticos da UCS, a partir de levantamento de dados sobre cidades resilientes — que deve incluir impacto das questões climáticas, meio ambiente, mobilidade urbana, gestão de resíduos, eficiência energética, redes de comunicação —, enquanto a prefeitura vai permitir acesso da universidade a dados públicos. A ideia é que isso possibilite uma análise conjunta dos técnicos das comissões municipal do Meio Ambiente e das Mudanças Climáticas e dos pesquisadores do City Living Lab (grupo de pesquisa de cidades da UCS).
— A diferença de sair fazendo um plano de ação no "achômetro" e um plano de ação baseado em dados é isso, identificar o cenário, ver onde tem mais gravidade. Cada indicador ali posto vai trazer uma reflexão e uma identificação de necessidade de ação. E muitas coisas terão que ser regionais, porque se a gente estiver falando, por exemplo, de desassoreamento dos rios, não adianta só uma cidade fazer. É um plano regional. O fundamental de tudo isso é a gente trabalhar a partir de evidências e dados, e aí estabelecer prioridades e educar a população.