Passado o período da janela partidária, as atenções nos bastidores da política voltam-se para as articulações de coligações para as eleições municipais. Com três chapas encaminhadas em Caxias do Sul, mais a já garantida pré-candidatura do MDB, as próximas semanas serão de encontros entre diretórios e lideranças para negociar apoios no pleito. Além da representatividade para agregar apoio público, como oferece o PSB, há interesse das coligações no tempo de propaganda partidária, e por isso partidos como PSD e União Brasil são dois dos mais disputados no momento.
O espaço que cada partido terá à disposição para veiculação de suas campanha no horário eleitoral é definido pela quantidade de deputados federais que cada sigla ou federação tem. Com 95 parlamentares, o PL é quem terá mais tempo na televisão, seguido pela federação Brasil da Esperança, composta por PT, PCdoB e PV (81 parlamentares) e então aparece o União Brasil, que tem 58 deputados federais. Assim como o MDB, o PSD tem 44 nomes na Câmara dos Deputados e terá bom espaço de televisão para ofertar. O PSB, entretanto, tem apenas 14 representantes e terá dificuldade de oferecer tal benefício — apesar de ter forte relevância no cenário municipal e poder de agregar lideranças importantes.
Apesar de já ter indicado um eventual apoio à reeleição de Adiló Didomenico (PSDB), o União Brasil está em um momento de reavaliação sobre o futuro. No último dia da janela partidária, na sexta-feira (5), a sigla oficializou a filiação de dois ex-candidatos a prefeito nas eleições de 2020: Renato Nunes e Edson Néspolo. A entrada do segundo, que historicamente é alinhado mais à direita, é o que motiva a mudança nos rumos da sigla. Além de permanecer com Adiló, de quem o partido integra a base, duas novas possibilidades se abrem para o União Brasil: integrar frente de partidos da direita, liderada pela pré-candidatura de Maurício Scalco (PL) ou então lançar nome próprio para disputar a prefeitura em outubro.
— Ainda não sentamos com o Néspolo para definir coisas do partido. Agora, temos um vereador e mais uma liderança importante. A gente vai sentar, avaliar todas as situações para poder definir o futuro. Com calma que vamos reavaliar tudo, ver de fato o que pode acontecer, o que o Néspolo pode junto com a gente decidir. Nada de mudar muito a posição, mas vamos sentar e conversar — explica o presidente municipal do União Brasil, Kiko Girardi, que confirma que, até "avaliarem algumas situações", o rumo do partido está em aberto.
Decisão do PSD deve ficar para a convenção
Também indefinido no cenário em Caxias do Sul está o PSD. Com bom espaço nas propagandas partidárias durante a campanha eleitoral, a sigla tem três caminhos como possibilidade de apoio neste momento: Adiló, o candidato que o MDB vier a oferecer, ou então compor com frente de partidos da centro-esquerda, que tem a deputada federal Denise Pessôa (PT) como pré-candidata à prefeitura, ao lado do ex-prefeito Alceu Barbosa Velho (PDT). A primeira opção é a favorita do presidente municipal, Michel Pillonetto:
— Agora que a janela encerrou, vamos começar um debate muito maduro com nossos pré-candidatos sobre a Caxias do Sul que queremos. No próximo mês, o prefeito Adiló vai fazer uma prestação de contas do seu mandato aos nossos pré-candidatos. Eu, como presidente do partido, acredito que o melhor caminho para o PSD seja com o prefeito — avalia.
Segundo Pillonetto, o PSD quer debater a "situação financeira do município e a política nacional" para entender onde cada candidato poderá trabalhar com mais facilidade e alcançar melhores resultados, e então decidir o melhor caminho. O MDB já manteve conversas com o PSD para articular um apoio, e há uma ala interna que defende a participação na coligação de centro-esquerda. O presidente municipal diz que há conversas com os partidos, e deixa a decisão para as convenções partidárias.
— Defendo o amplo debate. Vou ouvir os filiados, pré-candidatos e comissão executiva. Depois deste processo, vou levar para votação na comissão. O PSD não deixa de dialogar com os demais partidos. Até o encerramento do prazo das convenções, muitas coisas podem mudar na política de Caxias — despista Pillonetto.
De acordo com o calendário eleitoral, o período para convenções é 20 de julho a 5 de agosto.
PSB mantém o foco para si
Para a majoritária, vamos aguardar um pouco mais. Sabemos com quem não vamos, e isso já é meio caminho andado.
ADRIANO BOFF
Liderança do PSB
As opções à mesa do PSB são parecidas com as do PSD: pode estar com Adiló, MDB ou Denise, com uma quarta opção ainda não descartada de indicar nome próprio à majoritária. Entretanto, os socialistas estão com as atenções voltadas para si. O foco do partido neste momento é consolidar as chamadas "40 propostas para Caxias", que devem nortear a decisão do PSB sobre o seu futuro.
— Por enquanto, estamos voltados para nós, acabamos de sistematizar as "40 propostas para Caxias". Estamos com um ótimo time de candidatos para a proporcional, é aí o nosso foco. Semana que vem deveremos reunir a executiva e deliberar sobre a entrega das propostas aos nossos pré-candidatos. Para a majoritária, vamos aguardar um pouco mais. Sabemos com quem não vamos, e isso já é meio caminho andado — define Adriano Boff, liderança do partido.
Solidariedade aguarda definições e PSOL terá reunião
O Solidariedade, que já foi dado como certo na frente de centro-esquerda — a opção favorita do presidente municipal, Antíoco Sartor —, teve reunião na noite de quarta-feira (10) para avaliar as movimentações da janela partidária. Mesmo com a anunciada filiação do ex-vereador e ex-presidente do PT, Alfredo Tatto, o partido não descarta alianças com partidos de centro.
— Uma eventual aproximação com candidaturas de centro, como o MDB, e agora com o União Brasil com Edson Néspolo, posso te dizer que (a possibilidade) é grande. No fundo, queremos fortalecer uma terceira via, a fim de torná-la viável e competitiva para o segundo turno — avalia Aquillino Dalla Santa Neto, vice-presidente do Solidariedade.
Ainda na esquerda, outro partido que pode aparecer é o PSOL, que deve ter reunião com a Federação Brasil da Esperança na próxima segunda-feira (15). Os psolistas já condicionaram o apoio à inclusão de três propostas no plano de governo — e, caso não haja convergência entre as partes, deverão indicar nome próprio à majoritária.
— A gente (conjunto de partidos da centro-esquerda) está em fase de construção do plano de governo, estamos recebendo as diversas contribuições, e todas as propostas serão analisadas. O PSOL será muito bem recebido e vamos analisar as propostas. Mas primeiro vamos realizar a reunião, entender as propostas e depois, conjuntamente, se avalia o que é necessário — explica a presidente municipal do PT, Joceli Veadrigo, a Picolla, que também aguarda os posicionamentos de PSD, PSB e União Brasil.