Em meio à janela partidária e faltando pouco mais de seis meses para as eleições municipais, os partidos que não estão entre os principais em Caxias do Sul realizam articulações para definir as nominatas e concretizar apoios a eventuais chapas que vão disputar a prefeitura. O União Brasil é o que tem o futuro mais definido, enquanto Solidariedade, PSD e PSOL seguem em conversações para buscar parceiros
Presidido pelo ex-vereador Kiko Girardi, o União Brasil integra a atual base do prefeito Adiló Didomenico (PSDB), e a tendência é de que mantenha o apoio no pleito de outubro. A sigla está organizando um ato de filiações que deve ocorrer no dia 28 de março. É nesta data que o vereador Clóvis de Oliveira, o Xuxa, deve oficializar a troca do PRD pelo União Brasil.
— Já era pra ter feito o ato, mas tem muita indefinição de pré-candidatos que querem ver a nominata dos outros partidos. A maioria vai definir as filiações na última semana (da janela partidária, cujo último dia é 5 de abril). Estamos tentando fortalecer a nominata do partido. A nossa tendência é o Adiló, hoje estamos com ele e não tem porquê não continuarmos juntos — avalia Girardi, que lamentou a falta de novas lideranças na política caxiense, lembrando que, dos 11 candidatos em 2020, somente Adiló estará no pleito em 2024.
Sobre o nome que integrará a futura chapa de Adiló como candidato a vice-prefeito, a tendência mais forte neste momento é a filiação de João Uez, atual secretário do Meio Ambiente e chefe de gabinete interino, ao Republicanos para disputar o cargo ao lado do prefeito. Mas, como já afirmado pelo próprio Adiló e nomes do grupo que formará aliança em torno da continuidade da atual gestão (devem integrá-la, além do PSDB e União Brasil, o Cidadania, Republicanos e PRD), Kiko confirma que a decisão será em conjunto.
— É colocado toda vida no grupo que os partidos é que vão definir o vice. Sempre o nome do João se ventila como vice, mas até agora não tem nem a definição do partido que ele vai estar. Isso vai ser debatido mais lá na frente — despista.
PSD monitora Adiló "com olhar atento"
Outra legenda cuja tendência neste momento é de apoiar a candidatura de reeleição do prefeito Adiló é o PSD. Os posicionamentos recentes do vereador Juliano Valim (PSD) na Câmara são de alinhamento com as propostas e iniciativas do governo municipal. Mas o presidente do partido em Caxias, Michel Pilonetto, garante que Valim tem liberdade na sua atuação no Legislativo, sem envolvimento da executiva. Para decidir o apoio na majoritária, o partido definiu uma diretriz de alinhamento com partidos do mesmo campo ideológico, que é entre o centro e a centro-direita.
— A gente segue monitorando os passos de diversos partidos, mas principalmente a possível chapa do prefeito Adiló e a do MDB, ou com Mauro Pereira ou com Felipe Gremelmaier, estamos acompanhando com olhar mais atento. Tivemos conversas com a Denise Pessôa (pré-candidata à prefeitura pelo PT), que ficaram em conversas porque são candidaturas que, pela linha ideológica que definimos, são um pouco mais difíceis de serem concretizadas, mas não impossível — disse Pilonetto.
Focado na disputa por mais espaço no Legislativo, a expectativa do presidente Pilonetto é de eleger pelo menos dois vereadores. Para isso, o partido busca nomes consolidados no cenário político caxiense para compor a nominata do PSD.
A grande “contratação” deve ser do ex-vereador e ex-presidente da Câmara Alberto Meneguzzi, que anunciou saída do PSB na última terça-feira (19) e tem conversas avançadas para integrar o PSD. O vereador Lucas Diel, hoje no PDT, também foi convidado, mas seu rumo deve ser o PRD, para ficar mais próximo do Governo Adiló.
PSOL define condições para apoio ao PT
A frente da centro-esquerda, liderada pela federação do PT com PV e PCdoB e que tem a deputada federal Denise Pessôa (PT) como pré-candidata a prefeita, já tem o PDT como principal parceiro, já que o candidato a vice-prefeito deve ser o ex-prefeito Alceu Barbosa Velho. Agora, o grupo trabalha para encaminhar o apoio de pelo menos mais dois partidos: PSOL e Solidariedade.
Segundo a presidente do PSOL em Caxias, Karina Santos, o plano A do partido é compor a aliança com os partidos mais à esquerda. Para isso, entretanto, o diretório municipal definiu três chamados “pontos fundamentais” para serem incorporados ao plano de governo: o PSOL pede tarifa zero de transporte público, municipalização das UPAs Zona Norte e Central e municipalização também da educação infantil.
— Incorporar essas pautas é fundamental para fechar uma aliança. A ideia é apresentar para a federação PT, PCdoB e PV, o que deve ser feito nos próximos dias, ainda estamos ajustando a agenda — resumiu.
Solidariedade tem pressa, mas não sabe para onde vai
O presidente do Solidariedade, Antíoco Sartor, dá sinais de aproximação com a frente de centro-esquerda. O último foi participar do jantar em comemoração aos 44 anos do PT, em Caxias do Sul, no último sábado (16). Mas, segundo o vice-presidente do partido, Aquillino Dalla Santa, ainda não há nenhuma decisão oficializada. Ele explica que representantes do Solidariedade terão encontros nos próximos dias com MDB e PSB, para ouvir as propostas e entender o caminho que vão seguir.
— A gente ainda não está oficialmente fechado com o PT, existe um processo de debate interno, de análise da situação atual. O PSB pode aparecer com candidatura própria, estamos mantendo contato com eles e existe uma grande possibilidade, agora com a entrada (no Solidariedade) do (ex-vice-prefeito Ricardo) Fabris, de a gente participar da majoritária com o PSB. Já tivemos vários encontros com o PT e a gente já sabe quais as intenções deles. A gente vai conversar agora com o MDB e com o PSB, até porque a gente tá com pressa — explica o vice.
Essa “pressa” da qual se refere o vice-presidente partidário é para que o Solidariedade possa atrair nomes com peso para compor a nominata que vai disputar espaço na Câmara:
— Temos uma parceria no Solidariedade com o Alfredo Tatto, ex-vereador do PT, e ele está decidindo. Nós temos pressa de fazer a perspectiva com outros partidos, porque daí seria uma coisa completa, muitas pessoas iriam colocar o nome à disposição se a gente participasse de uma majoritária. Dependendo da negociação que a gente fizer agora, vamos ter mais dois, três nomes de projeção — finaliza.