A véspera de feriado será decisiva para o futuro eleitoral de Caxias do Sul. Isso porque a executiva estadual do Progressistas vai se reunir na manhã desta quinta-feira (28), a partir das 10h, para avaliar um pedido de destituição do diretório do partido em Caxias do Sul. Se for aceito, a executiva municipal da sigla será derrubada, e o comando passará para uma comissão provisória, a ser definida pela executiva estadual. O pedido de intervenção é resultado da queda braço interna do PP caxiense, que está cada vez mais acirrada.
O imbróglio progressista começa após reunião da executiva municipal em 1º de fevereiro, de onde surgiu um documento chamado de “indicativo de intenção de coligação” com o PL, que lançou como pré-candidato a prefeito o vereador Maurício Scalco, que lidera uma frente de partidos da direita composta também por Podemos, do deputado federal Maurício Marcon, e Novo. Entretanto, há uma dissidência interna que prefere apoiar a reeleição do prefeito Adiló Didomenico (PSDB) nas eleições municipais de outubro. Esse grupo, por sua vez, afirma que representantes dos movimentos Afro, da Juventude e da Mulher não puderam votar a respeito do indicativo.
Em 16 de março, uma nova reunião foi realizada, com tentativa de homologar a “intenção de coligação”. O encontro teve as presenças do presidente estadual e deputado federal, Covatti Filho, e do secretário e deputado estadual, Guilherme Pasin. No encontro, coube a Pasin comunicar a existência de uma nova resolução da executiva estadual (006/24), de 11 de março, que revoga resolução anterior (004/23), que garantia direito a voto a presidentes dos movimentos.
A partir dessa nova decisão, a dissidência – que tem o vice-presidente da executiva estadual e deputado federal, Afonso Hamm, como aliado – solicitou "a imediata restituição do direito a voto dos presidentes de movimentos por resolução do diretório estadual e, se isso não for feito, serão solicitadas providências à executiva nacional". Em entrevista ao Pioneiro, Hamm cobrou o direito ao voto dos movimentos, questionando se este seria um posicionamento democrático e que a ação "é coisa para diminuir o partido".
Segundo o vereador e presidente municipal do Progressistas caxiense, Alexandre Bortoluz, a resolução revogada contemplava apenas a convenção estadual do partido no ano passado. Foi nesse encontro do dia 16 que a intervenção estadual no diretório municipal foi solicitada, segundo Bortoluz:
– Foram duas reuniões bem tumultuadas. Um dos membros da executiva solicitou realmente a intervenção, porque quando a gente faz uma reunião e não consegue nem concluir a ata porque só dá gritaria, quer dizer que não vamos a lugar nenhum nem ter resultado – avalia.
"Estaremos onde já escolhemos"
O apoio do partido era dado como certo na frente de partidos de direita liderada por Scalco, que teria ao seu lado a vereadora Gladis Frizzo como candidata a vice-prefeita. Para isso, ela deixaria o MDB para juntar-se ao PP.
Entretanto, o destino do Progressistas passou a ser ventilado também em eventual chapa do prefeito Adiló. O prefeito teria Ricardo Daneluz – atual secretário de Turismo, que se filiou ao PP no final de janeiro – como candidato a vice-prefeito. Se confirmado esse cenário, o nome favorito para vice de Adiló até o momento, João Uez (que deve filar-se ao Republicanos), disputaria cadeira no Legislativo.
De qualquer forma, independente do que ficar decidido pela executiva estadual na reunião desta terça, Bortoluz é claro: ele, Gladis e o vereador Adriano Bressan (que está no PRD e tem filiação acertada com o PP) estarão na disputa eleitoral ao lado de Scalco e dos partidos de direita.
– Do meu lado e dos vereadores que estão aguardando esse impasse, de qualquer forma, particularmente, estaremos onde já escolhemos. Não digo em termos de partido, mas em termos eleitorais. Vamos ver o que vai acontecer – projeta o presidente municipal.
Bortoluz deixa em aberto a possibilidade de trocar de partido caso não haja uma solução definitiva no partido que preside. Em outras oportunidades, Gladis confirmou à reportagem ter um plano B caso o imbróglio progressista não se resolva até o fim da janela, apesar de não revelar mais detalhes sobre eventuais alternativas. Já Bressan confirma convites de PL, Podemos e Novo, mas afirma que está “ajustando os últimos detalhes” para entrar no Progressistas.
O prazo para que o trio decida o partido em que os três estarão durante as eleições é 5 de abril, quando fecha a janela partidária – o período em que vereadores podem trocar de legenda sem perder o mandato.