Eleita por unanimidade na última sessão ordinária de 2023, em 14 de dezembro, a vereadora Marisol Santos (PSDB) será a próxima presidente da Câmara de Vereadores de Caxias do Sul. Ela assume o comando do último ano da atual legislatura no dia 2 de janeiro, no lugar de Zé Dambrós (PSB), atual presidente.
Foi a primeira vez desde 2021 em que apenas uma chapa foi colocada para compor a Mesa Diretora, e que a presidência foi definida com o apoio dos outros 22 vereadores. A escolha por Marisol respeita o acordo informal, definido no início da legislatura, de realizar rodízio da presidência entre os partidos com as maiores bancadas, e por isso o PSDB estará no comando da Casa no próximo ano.
Marisol terá ao seu lado, na Mesa Diretora, os vereadores:
- Adriano Bressan (PRD), como 1º vice-presidente.
- Renato Oliveira (PCdoB), como 2º vice-presidente.
- Felipe Gremelmaier (MDB), como 1º secretário.
- Zé Dambrós (PSB), como 2º secretário.
Em entrevista ao Pioneiro, a tucana afirmou que sua principal meta na presidência será buscar uma aproximação da Câmara com a comunidade, além de trabalhar em ações visando à sustentabilidade na Casa. Marisol também falou sobre a condução das sessões em ano eleitoral e o acúmulo de projetos, recorrente no final dos anos legislativos.
Confira a entrevista
Qual será o foco da sua gestão a frente da Câmara?
A principal meta é buscar a aproximação com a comunidade. Entendo que a Câmara tem que estar mais perto dos temas que são importantes para a comunidade, tentando auxiliar mais efetivamente. A Câmara de Caxias precisa se tornar mais referência, inclusive de um modelo sustentável. 2024 é um ano desafiador, é muito diferente porque tem um período com uma série de regras em função do período eleitoral, que modificam nosso trabalho. Estou encarando essa oportunidade com muita responsabilidade e muito comprometimento. Temos a questão da TV aberta, algumas ainda de PPCI (plano de prevenção e proteção de combate a incêndio), que ficaram para 2024.
Quais as melhorias que serão feitas em relação a sustentabilidade?
A Câmara precisa efetivamente entrar no desenvolvimento sustentável, que se discute mundialmente, que a prefeitura de Caxias já vem se adaptando, e que a Câmara ainda não, pelo menos não de uma forma tão organizada. Quero que a Casa comece a pensar, por exemplo, na implementação dos 17 objetivos de desenvolvimento sustentável (ODSs, da ONU). Que a gente comece a ter mais dados daquilo que a gente faz no nosso dia a dia. Podemos buscar números para basear nosso trabalho, quanto foi nossa economia desde que instalamos as placas solares, qual é nossa economia quando a gente tem assinatura digital e evita que todos processos sejam em papel.
Outras mudanças estruturais ou administrativas estão no horizonte?
O plenário neste momento está em reforma, com a melhoria do painel, que era muito obsoleto. Quando a gente fala sobre a sustentabilidade da Casa, tem sentido que os vereadores levem para todas as sessões os projetos impressos em papel? Talvez a gente possa buscar outras formas, um tablet por exemplo. São estudos que a gente precisa buscar. Tem outras questões, como os descartáveis, os resíduos que a gente produz. A gente quer unir esforços entre servidores, assessorias, quem trabalha hoje na Casa, para que nos ajudem a construir melhores soluções. A gente não vai escapar de melhorar e atualizar a forma de votação, a forma de ter acesso aos projetos que não seja em papel, mas não é a primeira coisa que a gente vai fazer. Primeiro precisamos entender se isso realmente faz diferença e se é para este momento. Nossa vontade é que, a partir da posse, a gente já comece a estruturar.
Você assume em um ano eleitoral, integrando partido e base do prefeito Adiló Didomenico, que tentará reeleição. Pode haver interferência ao pautar projetos?
Um dos objetivos da minha presidência é ter o foco em trabalhar esses temas tão importantes de forma mais efetiva.
MARISOL SANTOS
Vereadora de Caxias do Sul, futura presidente do Legislativo
Eu tenho certeza absoluta que essa questão de privilegiar, de pautar por sermos do mesmo partido, não vai acontecer. Até porque nós temos, na prática, uma divisão muito clara dos Poderes. Não significa que a gente não converse sobre a pautas, sobre o que precise ser prioridade para que a gente traga para a Casa, isso é normal e é uma prerrogativa da presidência. Mas as pautas entram quando estão prontas, quando passaram pelas comissões que precisam passar. Não importa se o projeto veio do Executivo, do mesmo partido, se é da oposição, isso fica muito pequeno diante da importância que tem o projeto para a comunidade. Tenho certeza que nenhuma forma de benefício de ajuste vai acontecer nesse sentido (de priorizar pautas do Executivo).
Como avalia o acúmulo de projetos no final do ano?
Não é positivo para ninguém. Dificulta muitas vezes para que a gente possa defender aquilo que a gente acredita. Foram muitos projetos (pautados no final de 2023) importantes, que vão mudar nossa cidade, e aí (com o acúmulo) a gente perde oportunidade de falar mais sobre eles. A minha vontade, como presidente, é que isso não aconteça. Vamos trabalhar bastante para que projetos da Casa, pelo menos, sejam pautados antes.
Podem haver mudanças regimentais em 2024?
Nas sessões de quarta-feira, com cinco vereadores inscritos em Grande Expediente, chegamos em determinado momento sem quórum. Então vamos manter ela não sendo deliberativa? A gente poderia ampliar a participação da comunidade, em tribuna livre, por exemplo? A gente precisa repensar isso. Temos que pensar em alterações também nas pequenas comunicações, no início das sessões. Elas são importantes, mas tem dias que não há inscrições e a gente encerra, e dias em que os 23 vereadores querem falar e não vão ter oportunidade nos 10 minutos. São coisas pequenas que regimentalmente a gente pode mudar.
Como a Câmara pode fazer a aproximação com a comunidade, que você pretende?
Como diretora da Escola do Legislativo nos últimos três anos, a gente tentou ao máximo fazer a maior parte de ações para aproximar a comunidade. O (projeto) Maria nas Escolas, por exemplo, é levar para a comunidade, ou trazer ela para a Câmara, para discutir um tema que a gente debate muito, quase todos os dias, mas entre nós. Não podemos só debater entre nós, temos que tratar com as pessoas. Esse é um dos objetivos da minha presidência, ter o foco em trabalhar esses temas tão importantes, e que hoje são as demandas mais latentes, de forma mais efetiva. A Câmara tem que se mostrar mais parceira nesses assuntos, não só em audiências ou reuniões públicas, é no dia a dia. É trazer as pessoas para a Câmara para construir a informação, para debater informação. A gente precisa que a informação chegue nas pessoas, a Câmara de Vereadores tem esse potencial de comunicação com a comunidade.