"Muito preocupantes". É assim que o presidente da CPI da Saúde, vereador Rafael Bueno (PDT), definiu as declarações do diretor da UPA Central de Caxias do Sul, Alessandro Ximenes, que prestou depoimento à comissão da Câmara na manhã desta segunda-feira (28). Foi a primeira audiência da CPI, que investiga a situação da saúde no município e a gestão das UPAs Central e Zona Norte. Segundo Bueno, o depoente confirmou algumas "ilegalidades" na unidade de saúde, como falta de médicos, adulteração de pontos e negligências.
— Ele usou a palavra "reconstrução", quando falou sobre sua vinda e o novo momento da unidade. Então, se ele veio para reconstruir, é porque antes o processo administrativo estava em decadência. O que nos mostra que tem algo muito nebuloso que ainda precisa ser esclarecido, e que reforça a importância de investigarmos. Foram várias declarações dúbias, ele reafirmou algumas irregularidades, deu margem para convocarmos outras pessoas — enfatizou.
Ximenes assumiu o comando da UPA Central em 1º de junho, logo após o episódio da falta de atendimento a uma paciente em 22 de maio. Um homem com problemas de saúde teve uma convulsão na calçada em frente à unidade. Esse fato, inclusive, foi um dos motivos para a instalação da CPI e que levou o município a notificar e multar o Instituto Nacional de Pesquisa e Gestão em Saúde (InSaúde), gestora da UPA Central.
Para o vereador, Alessandro Ximenes admitiu negligência com a vida das pessoas. Além disso, na avaliação de Bueno, ficou evidenciada a quarteirização do atendimento na UPA, que é quando uma empresa terceirizada contrata uma segunda empresa para suprir a demanda. Questionado, Ximenes respondeu que é uma cogestão e que seria um erro no contrato.
Outro problema na saúde de Caxias, que ficou evidenciado pelo depoimento do diretor da UPA Central, na avaliação do presidente da CPI, é que cerca de 65% das pessoas que procuram atendimento nas UPAs poderiam estar sendo atendidas nas Unidades Básicas de Saúde (UBS).
— Então tem problema lá na ponta, as UBS não estão atendendo as necessidades da população.
O vice-presidente da CPI, vereador Maurício Scalco (Novo), avaliou a oitiva como "positiva", pois deu elementos para os próximos passos da investigação.
— Conseguimos sanar algumas dúvidas e ao mesmo tempo surgiram elementos para aprimorar questionamentos futuros — antecipou.
A CPI já tem mais duas oitivas agendadas. A diretora da UPA Zona Norte, Renata Demori, irá falar na quinta-feira (31), às 14h, também na Câmara de Vereadores. A oitiva da secretária municipal da Saúde, Daniele Meneguzzi, estava marcada para sexta-feira (1º), mas ela pediu o adiamento em função de agenda. Daniele, agora, deve falar no dia 5 de setembro, a partir das 13h30min.
O que disse Ximenes no depoimento
- Sobre ter chego à UPA em 1° de junho, logo após o episódio da falta de atendimento em frente à unidade, afirmou que não havia um motivo específico, mas depois admitiu relação.
- Sobre o cumprimento da carga horária e se há médicos que não cumprem o horário, o diretor negou e garantiu que é feito o controle.
- Alessandro Ximenes negou problemas com lençóis e higiene na UPA Central.
- Em relação ao atendimento na unidade, quando perguntado se há reclassificação por tempo de espera, Ximenes disse que o critério é a gravidade do caso.
- Sobre a falta de pediatras e o que a UPA está fazendo para resolver o problema, o diretor explicou que é um problema geral no Brasil.
- O diretor negou ilegalidades e afirmou que a nomeação dele é para qualificação.