Nesta terça-feira (6), uma denúncia foi protocolada na Câmara de Vereadores de Vacaria pelo vereador Claudiomir de Lima (PSD) contra o vereador Andrezinho Rokoski (PP). Segundo a denúncia, o parlamentar do Progressistas repete em tribuna e nas redes sociais o termo "negrada", reproduzindo a manifestação de Moacir Bossardi (PSDB) quando se posiciona contrário ao episódio. O documento pede que o caso seja apurado pela Comissão de Ética "por ajudar a propagar a palavra racista". Andrezinho é autor de uma das denúncias contra Bossardi pelas declarações consideradas racistas.
Em 30 de maio, Bossardi criticou o governo federal e sugeriu aos eleitores do presidente Lula: "vão comer picanha, negrada", e duas denúncias contra ele foram protocoladas na Comissão de Ética da Câmara. Os casos estão sob análise do grupo, que é presidido pelo vereador Pedro Guerreiro (PSDB).
— Ele (Andrezinho) repete muito essa palavra contra o vereador Moacir (Bossardi). É uma palavra preconceituosa, e não deveria estar sendo repetida. Fica ruim para a Câmara, fica ruim para os vereadores. Moacir deve ser punido? Vamos fazer uma análise. Vereador André vai ser punido? Vamos analisar — disse Guerreiro.
Andrezinho foi notificado da denúncia ainda nesta terça e agora tem 10 dias úteis, que se encerram em 20 de junho, para apresentar defesa à Comissão de Ética. Ele afirma que fez um boletim de ocorrência contra Claudiomir por denunciação caluniosa.
— Fui denunciado na Comissão de Ética da Câmara por ter denunciado o crime de racismo. É perseguição política pelo fato de que quando falo na tribuna da Câmara, há grande repercussão na comunidade — declarou Andrezinho.
Relembre o caso
De acordo com gravação da TV Câmara de Vacaria, Bossardi usava um espaço de "explicações pessoais", em que os vereadores têm cinco minutos para falar sobre qualquer assunto. Ele falava sobre a situação da saúde municipal quando criticou o governo federal.
— A população não consegue mais acreditar em mentiras, em promessas. Tanto que o presidente aí prometeu picanha para a pobreza, agora tá dando abóbora. Os caminhões de abóbora. Vão comer picanha, negrada, é o que vocês merecem. O Brasil merece o presidente que tem. Porque para ajudar o Brasil, é pouca gente que ajuda — disse Bossardi.
Na sequência da sessão, Bossardi pede desculpas afirmando que "todos somos iguais, tenho pessoas da minha família que são de pele morena, foi um deslize a forma que falei".
No dia 31 de maio, ele divulgou nota de retratação sobre o episódio, na qual afirma que "fui infeliz em minha fala, na medida em que usei a expressão 'negrada' em meu discurso, traduzindo um ato considerado discriminatório, o que de maneira alguma foi a minha intenção".
"Não tenho palavras para mensurar a profunda tristeza que estou sentindo em virtude do ocorrido, haja vista que sou contra todo e qualquer tipo de preconceito (...) Reafirmo que utilizei de linguagem inadequada em meu discurso, no entanto, jamais tive a intenção de atingir a honra de qualquer pessoa. Acredito que todos nós, sem exceção, já fizemos algo ou tomamos alguma atitude falha (...) Estou disposto a aprender com meu erro", disse a nota.
Duas denúncias contra Bossardi foram protocoladas na Comissão de Ética da Câmara de Vereadores do município, por quebra de decoro parlamentar. Um dos documentos foi protocolado no dia seguinte ao ocorrido pela parlamentar Selmari da Silva (PT), e o outro por Andrezinho.