O Supremo Tribunal Federal (STF) concedeu liberdade provisória a mais 80 denunciados pelos atos antidemocráticos do dia 8 de janeiro em Brasília, nesta sexta-feira (10). Os nomes ainda não foram divulgados, mas em atualização da Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seape) do Distrito Federal (DF) na quinta-feira (9), o nome de um morador da Serra consta entre aqueles que foram liberados com tornozeleira eletrônica: Claudio Servelin, 51 anos, de Caxias do Sul.
O caxiense ficou preso no Complexo Penitenciário da Papuda. Apesar do nome aparecer em listagem dos monitorados por tornozeleira eletrônica, ainda não está claro qual foi a data da decisão do STF para a liberação dele.
Um primeiro grupo foi liberado em janeiro mediante o uso de tornozeleira eletrônica. Depois disso, entre 28 de fevereiro e 2 de março, o Supremo liberou outras 225 pessoas denunciadas pelos atos antidemocráticos.
De acordo com notas do STF, os suspeitos foram denunciados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por crimes como incitação ao crime (artigos 286) e associação criminosa (artigo 288, parágrafo único, do Código Penal).
Aqueles que são monitorados por tornozeleira eletrônica, de acordo com o STF, devem seguir medidas cautelares enquanto respondem pelo processo. Entras as medidas, eles não podem se ausentar da cidade de residência à noite e aos finais de semana, não podem usar redes sociais ou se comunicar com outros envolvidos no ato em Brasília, além de terem suspensos qualquer documento de porte de arma de fogo ou certificado de Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador (Cac). Outras obrigações são apresentar-se semanalmente à Justiça e não deixar o país.
Por conta dos atos, 1.406 pessoas foram presas. Ainda conforme o STF, 440 homens e 82 mulheres seguem na prisão. A reportagem não conseguiu localizar a defesa de Servelin até a publicação da reportagem.
Quem é Claudio Servelin
O caxiense estudou arquitetura na Universidade de Caxias do Sul (UCS) e possui uma empresa de construção civil, com sede em Caxias. Nas redes sociais, Servelin já compartilhou conteúdo pró-Bolsonaro, contra o atual presidente Lula e informações falsas sobre as eleições. Neste último caso, existem postagens questionando a credibilidade das urnas eletrônicas. Sua última publicação no Facebook, antes dos atos, foi no dia 1º de janeiro: uma imagem com os dizeres "Fora Lula!". A reportagem, dessa vez, não conseguiu encontrar a conta do homem na rede social.
Outros três seguem presos
Conforme a lista divulgada pela Seape-DF no dia 9 de março (a última atualização disponível até a publicação desta reportagem), os outros três denunciados, que têm ligação com a Serra, estavam presos. São eles: Telmo José Reginatto, Armando Valentin Settin Lopes de Andrade (que é natural de Caxias, mas mora no DF há cerca de 20 anos), e Fábio Adriano Menezes do Rosário, que na época em que foi preso seria motorista da prefeitura de Antônio Prado. Hoje, de acordo com o município, o nome de Rosário não consta mais no sistema como servidor da cidade serrana.
O advogado de Andrade, Alexandre da Cruz, foi contatado e disse que "Ele continua sim preso, como outros tantos, esperando uma manifestação do MP, acerca do nosso pedido de liberdade". As defesas de Reginatto e Rosário não foram localizadas.