Dois moradores da serra gaúcha estão na lista dos 130 denunciados pelos atos antidemocráticos de 8 de janeiro, em Brasília, que foram soltos nesta segunda-feira (13). Telmo José Reginatto, de Caxias do Sul, e Fabio Adriano Menezes do Rosario, de Antônio Prado, tiveram liberdade concedida pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, e, entre as medidas cautelares, terão que utilizar tornozeleira eletrônica e estão proibidos de sair do Distrito Federal (DF).
Eles são acusados de incitação à prática de crime e associação criminosa. O ministro do STF considerou que eles já foram denunciados e não representam mais risco processual ou à sociedade neste momento, por isso podem responder ao processo em liberdade. A Procuradoria-Geral da República (PGR) emitiu parecer favorável à soltura desde que sejam atendidas as medidas cautelares estabelecidas.
Entre as medidas, os dois moradores da Serra e os outros 128 brasileiros soltos estão proibidos de ausentar-se do DF e terão que realizar recolhimento domiciliar à noite (entre 22h e 6h) e nos finais de semana, além de serem monitorados por tornozeleiras eletrônicas. Eles também têm a obrigação de apresentar-se à Justiça semanalmente, nas segundas-feiras, e estão proibidos de sair do país. Outras medidas envolvem a suspensão de qualquer documentos de porte de arma de fogo e certificados de Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador (CAC), além de estarem proibidos de utilizarem redes sociais e se comunicarem com os demais envolvidos.
Na sexta-feira (10), o caxiense Claudio Servelin, de 51 anos, também teve liberdade concedida pelo STF, junto de outros 79 denunciados por envolvimento nos atos antidemocráticos. Servelin terá que seguir as mesmas medidas cautelares para responder processo em liberdade, usar tornozeleira, mas ele pode retornar à cidade de residência.
Em 9 de janeiro, a PF prendeu em flagrante 2.151 pessoas que haviam participado dos atos e estavam acampadas diante dos quartéis. Segundo o STF, permanecem na prisão 310 homens e 82 mulheres, totalizando 392 pessoas. Até o momento, a Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou 919 pessoas por incitação pública ao crime e associação criminosa. Dessas, 219 responderão também por crimes mais graves, como dano qualificado, abolição violenta do estado de direito e golpe de estado.
Quem são os soltos
Telmo José Reginatto estava preso no Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília. Recluso nas redes sociais, possui um CNPJ como microempreendedor individual (MEI) em seu nome para realizar obras e manutenções em geral. Ele é morador do bairro Desvio Rizzo, em Caxias do Sul.
Fabio Adriano Menezes do Rosario era servidor público da prefeitura de Antônio Prado, e atuava como motorista do município à época em que foi preso em Brasília. Segundo a prefeitura, ele estaria em período de férias entre os dias 9 e 18 de janeiro, e não estava exercendo as atribuições do seu cargo durante os atos em Brasília. Hoje, de acordo com o município, o nome de Rosário não consta mais no sistema como servidor de Antônio Prado.
Um segue preso
Entre os serranos investigados, quem permanece preso é Armando Valentin Settin Lopes de Andrade. Ele tem 46 anos e é nascido em Caxias, mas está há mais de 20 anos no Distrito Federal. Lá, o suspeito de ter participado dos atos trabalhava com compra e venda de carros. Armando passou 50 dias acampado no Quartel-General da capital federal, na frente do Exército, até que foi preso pela Polícia Federal. De acordo com o Fantástico e o jornal O Globo, antes de o caxiense ser preso nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro ele já estava sendo monitorado pela Polícia Civil desde o final do ano passado, como suspeito de planejar atentados contra as estações de energia do DF.
O advogado de Andrade, Alexandre da Cruz, foi contatado e disse que "ele continua sim preso, como outros tantos, esperando uma manifestação do Ministério Público acerca do nosso pedido de liberdade". As defesas de Reginatto, Rosário e Servelin não foram localizadas pela reportagem até o momento.