Partido histórico no Brasil e na história de Caxias do Sul, o MDB caxiense tem líderes políticos com diferentes apoios — e neutralidade — para o segundo turno das eleições de 2022. De acordo com o presidente em exercício do partido na cidade, vereador Felipe Gremelmaier, a orientação para Caxias segue a decisão oficial do MDB estadual na convenção do dia 31 de julho, que decidiu apoio à candidatura de Eduardo Leite (PSDB) com o deputado estadual Gabriel Souza (MDB) como candidato a vice. Nacionalmente, o MDB, em 5 de outubro deste ano, após o primeiro turno das eleições, deu liberdade para que cada filiado se manifeste conforme decidir sobre a sua opção para o segundo turno à Presidência: Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ou Jair Bolsonaro (PL).
No mesmo dia em que o partido deu liberdade de escolha para cada filiado, a candidata do MDB à Presidência no primeiro turno, Simone Tebet, manifestou apoio à eleição do ex-presidente Lula.
— Nesse momento tão grave de nossa história, omitir-me seria trair minha história de vida pública. Não anularei meu voto, não votarei em branco, não cabe à nação a neutralidade — disse Tebet em pronunciamento.
O Pioneiro conversou com cinco lideranças emedebistas da cidade para entender o posicionamento de cada um deles para a eleição presidencial e estadual: os vereadores Gladis Frizzo e Felipe Gremelmaier, deputado estadual Carlos Búrigo, ex-deputado federal Mauro Pereira, e ex-governador Germano Rigotto. Entre eles, na eleição gaúcha, o único que não apoia a chapa Leite-Gabriel é Mauro Pereira, que declara voto em Onyx Lorenzoni por gratidão.
O ex-governador José Ivo Sartori, figura central no MDB caxiense e estadual, mantém-se em silêncio depois que a tese que ele defendia, de candidatura própria do partido ao governo do Estado, foi derrotada na convenção estadual, em 31 de julho. Ficou explícita sua contrariedade ao retirar-se da convenção e, desde então, ele não manifestou apoio nem na eleição estadual, onde o MDB empresta o nome do deputado estadual Gabriel Souza na chapa do ex-governador Eduardo Leite (PSDB) nem na eleição a presidente. Mesmo as principais lideranças locais não abrem o ponto de vista do ex-governador e consideram difícil ele ainda declarar algum apoio em segundo turno.
Já em nível nacional, os apoios se dividem entre Jair Bolsonaro e a opção pela neutralidade. Nenhum dos cinco abriu apoio a Lula. Também não há nomes do MDB caxiense que tenha aberto apoio ao petista, em descompasso com a posição da presidenciável Simone Tebet, que apoia Lula.
— Vejo apoios ao Bolsonaro e de quem não abrirá voto no segundo turno — conta Gremelmaier sobre os apoios dos demais filiados caxienses.
As principais lideranças
Carlos Búrigo, deputado estadual
Voto para governador: Eduardo Leite (PSDB)
Voto para presidente: Jair Bolsonaro (PL)
"Como deputado estadual, continuei firme com os meus princípios, aprovando os projetos do Governo Eduardo Leite que deram prosseguimento na agenda de mudanças estruturais do RS. Por isso, tenho convicção de que a eleição do Eduardo e do Gabriel é o passo seguinte para o RS continuar no caminho do desenvolvimento econômico, de apoio ao empreendedorismo e da igualdade de oportunidades. Em nível federal, não há dúvida de que a reeleição do presidente Bolsonaro é o caminho seguro para um Brasil com estabilidade econômica, combate à corrupção e defesa dos valores da família, da ética e da moralidade."
Gladis Frizzo, vereadora
Voto para governador: Eduardo Leite (PSDB)
Voto para presidente: Jair Bolsonaro (PL)
"É um tanto complicado. Eu voto no Bolsonaro porque não tem outra opção, no PT (no ex-presidente Lula) eu não queria votar porque acho um retrocesso para nós. No governo do Estado, o meu partido continua apoiando e o vice (Gabriel Souza, MDB) é nosso, então vamos com o partido. Eu gostaria muito que o nosso partido estivesse na frente, como cabeça de chapa, mas não está, então aceitamos as decisões e vamos lá. Tanto em nível federal quanto estadual. Para presidente, metade do partido nacional está com Lula e metade com Bolsonaro. No primeiro turno votei na Simone Tebet. Depois, ela decidiu ir com o Lula e isso é uma opção dela."
Felipe Gremelmaier, vereador
Voto para governador: Eduardo Leite (PSDB)
Voto para presidente: não abrirá o voto
"Acredito que a polarização nacional não pode falar mais alto que o Rio Grande do Sul. O nosso Estado é prioridade. Tenho convicção na chapa Leite e Gabriel."
Mauro Pereira, ex-deputado federal
Voto para governador: Onyx Lorenzoni (PL)
Voto para presidente: Jair Bolsonaro (PL)
"A vida pública é feita de mão dupla. Da forma que você é tratado você tem que retribuir. No meu primeiro mandato, o presidente Bolsonaro também era deputado federal. Fizemos uma amizade grande ali. Depois, com Bolsonaro presidente, todo o meu trabalho aqui com os prefeitos, vereadores e empresários da região, todos os assuntos passaram pelos ministérios lá em Brasília. Eu tive, por parte do presidente Bolsonaro, um carinho, um respeito pela minha pessoa. Por parte do ex-ministro Onyx Lorenzoni igualmente. As portas dos ministérios sempre abertas para mim. É um voto pelo que eles (Bolsonaro e Onyx) representam, pelo que eles estão fazendo pelo Brasil e pela gratidão e respeito que eles tiveram por mim em Brasília."
Germano Rigotto, ex-governador do Estado
Voto para governador: Eduardo Leite (PSDB)
Voto para presidente: não abrirá o voto
"Eu expliquei pra Simone: não tinha como assumir (uma posição para o segundo turno), pelo que eu vejo de dificuldade em uma e outra alternativa. Não vou participar da eleição, ela entendeu. Qualquer das duas (alternativas terá dificuldade), por razões diferentes. Vamos ter muitos problemas pela frente. Pelas declarações dele (Bolsonaro), eu temo. Mas nossas instituições são fortes para resistir. (Caso Lula ganhe) terá um Congresso totalmente desfavorável, muito à direita, muito reacionário, com radicalização política, o que não vai fazer bem para o país."
:: O ex-prefeito e ex-governador do Estado José Ivo Sartori não abriu posição para ambas as eleições, ao governo do Estado e à Presidência.