O PSB caxiense tem uma peculiaridade diante da eleição deste ano. Apesar de ter como candidato a vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), um companheiro de partido, na chapa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), os três vereadores do Legislativo não abrem seus votos para o segundo turno. A legenda, que tem uma das maiores bancadas dentro do parlamento da cidade, opta pela neutralidade. Os vereadores Gilfredo De Camillis, Wagner Petrini e Zé Dambrós demonstram diferentes razões para essa escolha. Ou seja, mesmo com a possibilidade de o partido ganhar a vice-presidência da República, o apoio de três fundamentais lideranças na cidade é nulo.
Com a adesão ainda recente de Alckmin ao PSB em março deste ano, e a integração à chapa de Lula, alguns socialistas preferem manter a neutralidade para não entrar na polarização. Já no cenário estadual, após a derrota de Vicente Bogo (PSB) ao Palácio Piratini no primeiro turno, a executiva do partido anunciou apoio "total e irrestrito" à candidatura da chapa de Eduardo Leite (PSDB) e Gabriel Souza (MDB).
— A nossa direção estadual decidiu dar total e irrestrito apoio, sem nenhum condicionante, não queremos e não estamos pedindo nenhum cargo no seu próximo governo e nem interferir programaticamente no seu processo — disse Mário Bruck, presidente da sigla no Estado.
Em Caxias do Sul, apesar de o presidente do PSB ser o vereador Zé Dambrós, quem está no comando das funções eleitorais na cidade é o ex-presidente da legenda, Adriano Boff, que permaneceu no cargo de 2008 até o início deste ano. Segundo Boff, a decisão foi interna pelo distanciamento de Dambrós da condução eleitoral.
— Foi uma decisão do partido porque acreditamos que a sigla precisa ter um elo de alianças políticas, de diálogo com outras legendas e com os representantes das duas candidaturas na cidade (Lula e Leite). O Zé tem os apoiadores e familiares dele, assim como os outros vereadores, então ficava uma situação embaraçosa. Para mim, não fica. Portanto, estou com as funções eleitorais do partido, mas as questões do dia a dia, financeiro, é tudo com o Zé — explica Boff.
Conforme o ex-presidente, a orientação aos filiados caxienses é de apoio às candidaturas de Lula e Leite, com participação nas atividades de campanha. Ele destaca que "o pessoal da antiga apoia Lula".
— A gente respeita a posição individual e a neutralidade dos vereadores e de alguns filiados. O voto é secreto, é uma conquista da sociedade. Várias pessoas, dependendo do local de trabalho ou do ambiente familiar, não querem ocasionar uma disputa, uma briga. A gente respeita, mas a nossa posição é nacional e clara de apoio ao Lula e ao Alckmin. Ele (Alckmin) é do nosso partido, acho que foi uma grande filiação feita, importante para o partido. (A aliança) foi importante também para a campanha do Lula com uma pessoa mais ao centro — afirma Boff.
Sigla fez ato de apoio à chapa Lula-Alckmin e participa de comitê
Antes do primeiro turno, ocorreu um ato do PSB caxiense e apoiadores para confirmar o compromisso da sigla com a chapa Lula-Alckmin. Entre figuras históricas da cidade, o ex-vice-prefeito Elói Frizzo, o ex-vereador Edicarlos Pereira de Souza e os ex-presidentes da sigla em Caxias Adriano Boff e Paulo Dahmer. Também participaram do evento os então candidatos a deputado federal da sigla Cassiano Fontana e Serginho Ubirajara, que não se elegeram.
Em 7 de outubro, também em Caxias, foi lançado o comitê suprapartidário do PT, PCdoB, PSOL, PSB, PCB, Rede, Cidadania e PV em apoio à candidatura de Lula. Neste evento, os vereadores caxienses do PSB também não participaram. A sigla esteve representada por Adriano Boff.
Como votam e o que dizem
Zé Dambrós, vereador e presidente do partido em Caxias
Voto para governador: Eduardo Leite (PSDB)
Voto para presidente: não abrirá o voto
"Percebo na minha família muitas brigas devido a posições diferentes. Quero continuar amando todos como sempre amei. Portanto, não me posiciono porque temos o Adriano (Boff, ex-presidente do partido), que está representando o partido nesta eleição (integra o comitê suprapartidário pró-Lula). Para governador, sigo a orientação do partido estadual e da minha sogra, professora aposentada, que hoje recebe (o salário) em dia, votando no Eduardo (Leite)."
Wagner Petrini, vereador
Voto para governador: não abrirá o voto
Voto para presidente: não abrirá o voto
"Em nível nacional, já fiquei fora da polarização. Nesta eleição, me deu saudade do nosso líder Eduardo Campos, que tinha um projeto do PSB para o Brasil. Não abrirei meu voto. Tinha esperança que Beto Albuquerque fosse nosso candidato ao governo (do Estado), não aconteceu. Da mesma forma, não abrirei meu voto."
Gilfredo De Camillis, vereador
Procurado pela reportagem, o parlamentar não quis se manifestar sobre o assunto. Essa é uma posição reiterada do vereador.