Mesmo sem obrigatoriedade, Celina Lea Dal Pra Zengerling, de 104 anos, chegou por volta das 10h15min deste domingo (2) ao salão da Igreja Nossa Senhora de Lourdes, em Caxias do Sul, para votar. Ela não escondeu a alegria por chegar a esse domingo de eleição e ir até à urna exercer a cidadania mais uma vez. Assim que entrou no local de votação, foi recebida com comentários de admiração de eleitores e de mesários.
Com tranquilidade, ela foi levada até a seção onde vota, a 51, em uma cadeia de rodas. Lá, foi passada na frente por ter prioridade. Ao lado dela estavam os netos Italo João Franzoi Junior, 46, e Felipe Franzoi, 41. Logo depois, Celina foi até a urna acompanhada por Felipe.
Em agosto, a centenária disse em uma reportagem do Pioneiro, em tom de brincadeira, que não sabia se chegaria até esse domingo. Sorrindo na manhã deste domingo, comemorou mais uma eleição:
— Cheguei a mais uma eleição. Já perdi as contas de quantas vezes já votei. Só perdi uma quando fui visitar minha filha que não mora aqui. Até algum tempo tinha todos os comprovantes de votação.
Celina viveu muitos anos em Galópolis, onde aprendeu com a família, especialmente com o pai, o papel que cada um tem para decidir o futuro do país nas eleições. Desde 2015, vota em Lourdes, que fica mais perto da casa onde vivia com os netos. Hoje ela mora em uma casa de repouso.
O neto Italo votou mais cedo no Salão de Lourdes e depois foi buscar a avó.
— Ela faz questão de votar e nós ficamos felizes. Hoje ela causou um alvoroço bom, é uma celebridade e um exemplo — afirma ele.
A partir dos 70 anos de idade, o voto passa a ser facultativo para os brasileiros. Apesar disso, muitos idosos ainda não perdem a oportunidade de votar em seus candidatos. Nesses casos, é permitido que uma pessoa de confiança, normalmente alguém da família, auxilie o idoso na cabine de votação, podendo até digitar o número para a pessoa, caso o idoso tenha dificuldade.
Ainda longe dos 100 anos, Rui José Diehl, 81, e Valdir Avelino Rech, 78, se encontraram por acaso na porta do salão da Igreja Nossa Senhora de Lourdes e conversaram sobre a vontade de seguir votando. Natural de Novo Hamburgo, Diehl mora em Caxias desde 1989:
— Enquanto for vivo vou votar. Faço questão de estar aqui e ir na urna.
O sentimento é o mesmo para Rech. Ele morou muitos anos no Bela Vista, onde votava, mas agora já está há alguns anos na seção 51 de Lourdes.
— Tenho que cumprir minhas obrigações e escolher quem me representa. É o certo a fazer — conta ele, que usa uma bengala para ajudar na locomoção.
Lígia Sonda, 75, também fez questão de votar:
— Minha mãe, Thereza Valmorbida, votou até os 94 anos. Ela deixou um legado que pretendo deixar para os meus filhos de que o voto é muito importante.