Os núcleos municipais do PDT no Rio Grande do Sul tinham até esta quarta-feira (16) para encaminhar chapas de consenso para eleição de novos diretórios. A medida foi justificativa do partido em nível estadual (e nacional) visando evitar votações presenciais e, consequentemente, aglomerações no período de pandemia. No entanto, em Caxias, o que se desenhava acabou se confirmando: a falta de consenso gerou impasse para definir o novo comando da legenda. O atual presidente do PDT caxiense, Maurício Flores, cujo mandato se extingue no dia 20, confirmou que o partido encaminhou à executiva estadual uma nominata de cerca de 130 nomes para compor o diretório local, porém, sem definição da executiva.
— Tivemos reunião em que colocamos todas representações para definição de chapa de diretório, que foi encaminhada ao estadual. Para o diretório, temos (consenso), mas para a executiva ainda não.
A reunião que definiu as indicações foi realizada no dia 7 de de junho. O evento foi conduzido por Maurício e contou com participação de lideranças históricas e atuais do partido. Inclusive personagens envolvidos nas recentes polêmicas da indefinição de postulantes a presidente da sigla, como os advogados Lucas Diel e Raquel Rota.
— Eu conduzi, mas (Edson) Néspolo (ex-candidato a prefeito pelo partido) trouxe sugestões que foram aceitas. (...) Todos movimentos do partido deram suas indicações para compor o diretório — assegura Flores, que comenta que não teria viabilidade de haver definição da executiva porque ele próprio e outros membros do partido foram acometidos por covid-19.
O presidente estadual da sigla, Ciro Simoni, entretanto, declarou ao Pioneiro que a relação de nomes para diretório não é suficiente e, na ausência de acordo, deve haver intervenção estadual:
— Se não tem acordo, o diretório se extingue. Todos os diretórios municipais extinguem seus mandatos agora este mês. Aqueles que não tiverem acordo, vamos nomear comissão provisória. (Eles) têm uma lista, mas não existe acordo geral para o diretório.
Ciro Simoni afirma que até o final deste mês deve ser nomeada comissão provisória caso o impasse não se resolva.
"Golpe dentro do partido", acusa presidente municipal
No processo de busca pelo consenso, as divergências do PDT caxiense se afloraram a ponto de tornarem-se públicas as trocas de acusações. No papel de apaziguador até então, o presidente municipal Maurício Flores reagiu à declaração do presidente estadual, Ciro Simoni, sobre a possibilidade de intervir no diretório local:
— Se todas as partes que estão ativas no partido fizeram indicações e a executiva estadual, mesmo assim, indicar uma comissão provisória, no meu entendimento, é se aproveitar do momento para ter golpe no PDT de Caxias do Sul. Quero deixar claro que é um golpe dentro do partido — afirmou Flores.
Ele também adiantou que, na próxima semana, um dia após deixar a função, irá expor nomes de filiados que estariam prejudicando o partido
— Tenho a certeza de que toda executiva e maioria do diretório concorda com o que estou falando. Tenho visto que se aproveitaram de algumas situações para fazer esse golpe. Tenho consciência tranquila. Vou colocar os (nomes dos) golpistas a partir do dia 21, com documentos e provas dentro do partido, demonstrar quem são essas pessoas. A (própria) comissão da executiva que o diretório estadual indicar provavelmente vai expor quem são as pessoas por trás de um possível acordão. (...) Dar os nomes das pessoas com provas e diremos o que tem acontecido nos últimos anos em um partido que esteve à frente de Caxias (nas administrações de José Ivo Sartori e Alceu Barbosa Velho) — reitera
ALEGADA PERSEGUIÇÃO
Ele promete que ira expor os problemas internos caso a executiva estadual mantenha a intenção de intervir:
— Fui perseguido dentro do próprio partido e vou mostrar, isso é claro se a executiva estadual não seguir a questão democrática que o partido preza tanto. Somos legalistas, e estou no PDT justamente pela legalidade, e vou pregar a legalidade. Não estou concordando já há algum tempo com algumas coisas dentro do partido. Sempre serei contra atos antidemocráticos independente de quem vier. (E está ocorrendo) um golpe antidemocrático em um partido com D de Democrático em sua sigla— desabafa.