Em fevereiro deste ano, Daniel Guerra fez uma publicação em suas redes sociais anunciando a saída dele e dos seus irmãos, Chico e Dalva Guerra, do partido Republicanos. A desfiliação ocorreu logo após o vereador Elisandro Fiuza, único eleito para um cargo eletivo pela legenda, ter votado a favor do pacote de projetos da administração de Adiló Didomenico (PSDB), que versava sobre o transporte público, especificamente contra algumas das bandeiras do ex-prefeito de Caxias.
Três meses depois, o Republicanos articula processo de reconstrução em nível local. Em dezembro do ano passado, Fiuza assumiu a função de presidente do partido em Caxias e, ao seu lado, na Executiva, colabora Heron Fagundes, ex-presidente do PRB (antigo nome do Republicanos) e que comandava a legenda no período de campanha e primeiros meses de mandato de Daniel Guerra, mas acabou se afastando por diferenças políticas. Fiuza atribui a Heron a eleição de Guerra e a conquista de duas cadeiras na Câmara em 2016.
Para o partido que consagrou um prefeito com recorde de votação em uma coligação reduzida de aliados há menos de cinco anos, as mudanças forçam um recomeço, o que, na visão de Fiuza, presidente municipal da legenda, não necessariamente significa um retrocesso:
— Não posso dizer que seja retrocesso, o objetivo nosso é fazer um trabalho como sempre foi o Republicanos, que infelizmente não acontecia em nível de Caxias. Sempre aconteceu em nível Brasil e de Estado, mas não acontecia aqui. Somos um partido de centro-direita que não admite em nenhum momento extremismo. Trabalhamos no processo do diálogo, de construção, de não fazer a crítica pela crítica — explica Fiuza.
Em recente entrevista ao Pioneiro, a deputada estadual Fran Somensi (Republicanos), principal representante regional do partido com cargo público, exaltou a saída da Família Guerra como uma oportunidade para abrir portas ao partido.
— Eu vejo como muito positiva a saída da Família Guerra do Republicanos, pois, assim como ela atraiu algumas pessoas, dava medo de agregar muitas outras. Então, hoje estamos abertos a filiações, e tenho certeza que vamos crescer na Serra a partir de agora — disse na ocasião.
Em abril, o Republicanos realizou ato de filiação, que gerou 50 novos vínculos. De lá para cá, mais 20 pessoas se registraram no partido. Atualmente, a agremiação conta com cerca de 1,2 mil filiados.
LINHA DO TEMPO
- Em setembro de 2013, Daniel Guerra foi expulso do PSDB e, duas semanas depois, filiou-se ao Partido Republicano Brasileiro (PRB), depois Republicanos.
- Até então com pouca representatividade, tendo eleito apenas um vereador antes da chegada de Guerra (Renato Nunes, no mandato 2009-2012), o partido logo projetou-se por meio de posicionamentos polêmicos e afrontosos de Guerra contra a administração de Alceu Barbosa Velho (PDT).
- Nas eleições de 2016, a popularidade de Guerra o consagrou como então prefeito de Caxias, conquistando votação recorde de 148.501 votos, formando coligação com dois partidos de pequeno porte (PR e PEN) e enfrentando oposição de partidos tradicionais e segundo turno contra Edson Nespolo (PDT), que representava uma coligação de 21 partidos.
- Durante o mandato de Daniel Guerra, o Republicanos acabou mudando sua configuração e concentrando a maior parte do comando e decisões fundamentalmente no então prefeito, seu irmão Chico Guerra e Júlio César Freitas da Rosa, o que gerou afastamento ou perda de voz de diversos filiados, como Heron Fagundes, que foi coordenador de campanha de Guerra.
- Em dezembro de 2019, Daniel Guerra sofreu impeachment.
- No ano seguinte, ainda assim, o partido criou a campanha do seu candidato a prefeito, Júlio Freitas, a partir das características e diretrizes empregadas por Daniel Guerra.
- Nas eleições, entretanto, o partido caiu fora da disputa ainda no primeiro turno na disputa à majoritária. Na Câmara, conseguiu eleger apenas um vereador, Elisandro Fiuza, para seu segundo mandato.
- Em fevereiro deste ano, Daniel Guerra anunciou a sua saída do partido e as dos seus familiares, Dalva e Chico Guerra, em razão de diferenças políticas.