Desde o dia 31 de outubro, o Pioneiro publica os perfis das candidatas e candidatos a vice-prefeito de Caxias do Sul. Confira o décimo.
Enquanto sobe a rampa em espiral que dá acesso ao seu gabinete, na Câmara de Vereadores de Caxias do Sul, Paula Ioris revê a agenda do dia com a assessora. Aproximo-me e pergunto se é realmente comum ela deixar de lado o elevador para ascender ao 3º andar, onde fica seu gabinete. Ela sorri e responde que sim. Caminhar por esse trajeto, explica ela, acaba por ser uma forma de praticar exercício físico, ainda mais nessa fase, acumulando o cargo de vereadora e a campanha como candidata à vice-prefeita, na chapa ao lado de Adiló Didomenico, ambos do PSDB.
Enquanto analisava o convite para concorrer ao cargo executivo, Paula revelou que ponderou algumas situações.
— Parte da decisão era saber com quem eu estaria concorrendo. O Adiló é uma pessoa íntegra, de valores sólidos, que tem uma escuta bacana e com quem tenho diálogo. Eu sou mais estudiosa, teórica, sou mais de ler e, o Adiló, é prático — resume Paula, 58 anos, casada com Rogério Alves de Oliveira, com quem teve dois filhos. Guilherme, aos 26, é engenheiro civil. Germano, foi assassinado há oito anos, na casa de um amigo, quando tinha 13 anos.
Apesar da rotina acelerada, em mais de um momento durante a entrevista, Paula emocionou-se ao mencionar a trágica e cruel morte do filho.
— Sempre tive momentos do dia em que eram insuportáveis... — diz, com a voz embargada.
Depois de um breve silêncio, esfregando as mãos umas nas outras, me olha, e prossegue:
— Sobretudo no final de tarde e nos finais de semana, era uma dor insuportável, chegava a ser física — diz, deixando fluir a saudade em lágrimas.
O crime ocorreu há oito anos, mas perder um filho é um vazio gigante. Apesar de formada em psicologia, acabou encontrando forças em casa, em uma união ainda mais fortalecida com o marido e o filho Guilherme, e também no relacionamento com os amigos mais chegados.
— A forma que eu encontrei para lidar com a dor foi enfrentando a situação. Sou psicóloga, e na psicologia chamamos isso de "sublimação". Claro, teve o luto, tem a saudade, tem muitos momentos difíceis, mas precisamos enfrentar. Mas eu nunca me revoltei contra Deus. Eu acho que tenho uma dose altíssima de resiliência, é minha característica forte. Fui me dando conta disso ao longo da vida. Porque sempre penso: "Que aprendizado tenho para tirar disso?".
REAÇÃO CONTRA A VIOLÊNCIA
A dor da morte do filho por causa de um crime violento, tinha tudo para resultar em uma depressão profunda, mas acabou conduzindo a Paula para a ONG Brasil sem Grandes. Fundada em agosto de 2002, pelo empresário Luiz Fernando Oderich, após o assassinato do filho único, Max Fernando de Paiva Oderich, a entidade tem como propósito enfrentar três causas da criminalidade: "a falta de planejamento familiar, a falta de paternidade responsável e a legislação penal muito liberal". Daí para a política, concorrendo a cargos eletivos, foi um passo natural, revela Paula.
— Entrei na vida pública por causa do assassinato do meu filho. A perda do Germano, pela forma violenta como foi, tem muita influência para eu estar aqui hoje.
LEGADO PARA A CIDADE
Pergunto à Paula, hipoteticamente, caso tivessem sido eleitos por quatro anos, como gostaria que a comunidade caxiense percebesse os quatro anos de governo Adiló-Ioris?
— Gostaria que as pessoas percebessem que tivemos um trabalho alinhado, construído em conjunto, e que tenha feito as mudanças que precisam ser feitas, principalmente nos processos de gestão, tão necessários.
Paula parece gostar de abordar o assunto dos "processos", porque debruça-se sobre a mesa redonda, que fica no canto esquerdo do seu gabinete, e procura ver se estou compreendo o que ela está dizendo:
— Tem muito processo que precisa ser modificado. Por exemplo, na gestão de custos. Qual o custo de uma Unidade Básica de Saúde, e qual o resultado efetivo desse investimento? — confronta Paula, como se colocasse em xeque-mate os adversários.
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