Desde sábado (31), o Pioneiro publica os perfis dos candidatos a vice-prefeito de Caxias do Sul. Confira o segundo:
Mesmo se não revelasse, Cesar Bernadi é o típico professor. Durante pouco mais de uma hora de entrevista, transitou entre diversos assuntos, seja da vida pessoal à profissional, com desenvoltura, olhar sempre fixo no interlocutor e explicando seu ponto de vista com exemplos do dia a dia.
Antes da exposição por conta da eleição municipal de Caxias do Sul, em que foi selecionado pelo partido Novo, para compor a chapa ao lado do candidato à prefeito Marcelo Slaviero, Cesar sentia-se realizado em dar aulas na UCS, onde atua há 28 anos, e curtindo estar com sua família no lar e em companhia dos amigos.
— Gosto muito de culinária, faço a minha cerveja, gosto de trabalhar com madeira, de jardinagem e de ler. Em julho, estava de férias da faculdade e li os três volumes do Lira Neto, sobre o Getúlio Vargas. Eu sou muito curioso, adoro saber como as coisas funcionam — diz o caxiense Cesar Bernardi, 55 anos.
Acompanhando o raciocínio lógico e ordenado de Cesar, é possível determinar pelo menos quatro pontos de virada em sua vida. Na ordem: a morte do pai, Celestino, em 1981; a caminhada de 560km, em 16 dias, pelo Caminho de Santiago de Compostela, em 2000; o casamento, com Francis, em 2002 — e, por conseguinte, o nascimento das filhas, Laís e Sara; e a campanha eleitoral, como candidato a vice-prefeito, pelo Novo.
Bem antes da formação como engenheiro elétrico, Cesar já se comportava como alguém que busca solidez e planejamento futuro. A raiz desse aprendizado veio justamente com a morte do pai, quando Cesar tinha 16 anos.
— Meu pai tinha sonhado em construir uma casa. Na metade da construção, ele veio a falecer. Daí, eu, minha mãe e meus dois irmãos, ficamos sabendo que ele tinha um seguro de vida. Imagina, ele faleceu com 39 anos. Quem nessa idade está esperando morrer? Ninguém. Então percebemos que ele havia feito um segudo de vida, porque pensou em nós.
Cesar é o irmão caçula, mas a diferença de idade é praticamente a mesma.
— Se você quer uma curiosidade, entre o Carlos e o Edson, a diferença é de 454 dias e, entre o Edson e eu, são 444 dias. Quando um estudante de engenhariua não tem mais o que fazer, ele faz contas aleatórias — brinca.
Cesar já namorava a futura esposa, Francis, atualmente com 45 anos, quando decidiu ir sozinho para o Caminho de Compostela.
— No meio do trajeto, depois de caminhar debaixo de chuva e com os pés doendo, me perguntei: "O que é que eu estou fazendo aqui?" — questionava-se.
Dezesseis dias depois, ao completar o percurso, diz que aprendeu uma lição para toda a sua vida.
— Eu trouxe, no meu coração, a lição de que a gente consegue viver com o essencial. O essencial para mim chama-se família.
ENTRADA NA POLÍTICA
Quando tudo parecia apontar para uma continuidade desse cotidiano afável e tranquilo em família, aparceceu a política.
— A política é a arte do consenso. Eu gosto de branco, tu gosta de preto, quem sabe a gente pinta a parede de cinza? Isso é política, nos fundamentos da política, lá nas bases de Platão. Porque, no fundo, nós somos serem políticos — ensina.
O envolvimento com o partido Novo ocorreu primeiro, como eleitor do Amoedo, na última eleição presidencial, depois como um dos colaboradores do plano de governo municipal, mais tarde, participando da seletiva para ser candidato a vereador, até ser lançado como vice-prefeito na chapa com o Marcelo Slaviero.
EXPECTATIVA
Cesar é leitor de Lúcio Aneu Sêneca, filósofo estoico e um dos mais conhecidos advogados, escritores e intelectuais do Império Romano.
— Eu gosto muito de Sêneca. Entre tantas frases que ele escreveu, eu gosto dessa: "Quanto maior a expectativa, maior a frustração". Eu não ponho expectativa em nada. Em tudo vou dar sempre o meu empenho. Se ganhar, bacana. Se não ganhar, mas foi uma trajetória legal, bacana, então ganhei com isso. Eu acho que o caminho é tão importante quanto a chegada — filosofa.
Apesar do discurso ponderado, Cesar entende que o Novo já está cumprindo o seu papel na mudança de paradigmas da política em Caxias do Sul.
— Temos uma maneira de pensar coletivamente, que é diferente dos outros partidos. Nós estamos de um lado do balcão, enquanto que os políticos de carreira estão do outro. Estamos trazendo para o debate questões que deveriam ser mais discutidas a repeito do futuro da cidade — finaliza.
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