Vereadores criticaram na sessão ordinária desta terça-feira (19) a proposta de repasse de materiais e uniformes escolares anunciada pelo prefeito de Caxias do Sul, Daniel Guerra (PRB), em coletiva na última semana. No plenário, os parlamentares questionaram a prioridade dada pelo poder público ao projeto e afirmaram que estão recebendo diversas manifestações de contrariedade por parte de educadores.
— Faltam escolas, professores, merenda, transporte, manutenção dos prédios, mas é necessário dar uniformes. Seria maravilhoso, seria fantástico, que o prefeito pudesse contemplar os alunos da sua cidade com os uniformes. Seria a cereja do bolo, se tivesse o bolo. Ele quer dar só a cereja para o povo _ afirmou a vereador Gladis Frizzo (MDB).
Paula Ioris (PSDB) contestou a argumentação dada pelo prefeito ao projeto e criticou a falta de investimentos em outras áreas para beneficiar jovens no contraturno escolar.
— Eu, também (tem recebido reclamações) de professores e diretores no aspecto de que não é prioridade, também de pais, atuantes em CPMs, porque esses pais vivem a realidade das escolas e também referem que não é prioridade. Um dos motivos do prefeito seria a questão da autoestima. No meu entendimento autoestima a gente faz através de esporte, cultura, lazer, para as nossas crianças e para os nossos jovens — ressaltou Paula.
Além de alegarem que o poder público deixa de investir em aspectos que deveriam ser prioridade como infraestrutura das escolas, vagas, transporte, professores e merenda, os vereadores também citaram que o projeto é semelhante a propostas que já haviam sido protocoladas por parlamentares nos últimos anos.
— O pior de tudo é o prefeito fazer esse anúncio não mencionando que a ideia não é inédita. Esta Casa vem debatendo no mínimo, desde 2009, com projeto do vereador Rodrigo Beltrão que institui o Programa Cesta Básica Escolar; na sequência, vindo o vereador Edi Carlos e também este vereador. Então, o mínimo que a administração deveria fazer era chamar esses autores para fazer uma construção coletiva — comentou Gustavo Toigo (PDT).
— É de uma desonestidade do prefeito largar uma proposta para o próximo mandato sem reconhecer a origem desse projeto que é do vereador Rodrigo Beltrão, que vem debatendo isso todos os anos. Por quê? Porque não consegue fazer nada de melhor para a educação. Então ele joga para o futuro, para ver se de repente se reelege — reforçou Denise Pessôa (PT).
Já o parlamentar Edson da Rosa (MDB) questionou o direcionamento do projeto proposto pelo Executivo:
— Qual é o critério que vai ser dado? Vai ser dado para todos? Vai ser feito para todos igual? E aqueles uniformes que as escolas municipais já têm? Como é que vai ser feito? Como vai ser utilizado? Qual é o número? Como é que vai ser feita essa triagem? — indagou.
A proposta apresentada por Guerra na última quinta-feira prevê o repasse gratuito de uniforme e kit escolar para os estudantes matriculados nas escolas de Ensino Fundamental da rede municipal. A estimativa é de um investimento de mais de R$ 20 milhões por ano. O projeto ainda não foi protocolado pelo Executivo. A previsão é de que os alunos recebam as peças de roupas e os materiais até fevereiro de 2021.
